terça-feira, 27 de dezembro de 2016

1970 - ...Em Pleno Verão - Elis Regina

Oi pessoal! Nesta terça-feira, depois de quase um ano de ausência, posto aqui no Blog mais um disco em homenagem a uma das maiores cantoras brasileiras, Elis Regina. Dona de um temperamento forte, uma voz linda e um talento incomparável, Elis se tornou não só uma cantora sem igual, como também uma descobridora de talentos, em músicas que marcaram a história de nossa MPB, como "Romaria", de Renato Teixeira, "Madalena", de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza, "Maria, Maria", de Milton Nascimento e Fernando Brandt, "Casa No Campo", de Zé Rodix e Tavito, dentre muitas outras. Também revelou ao público compositores até então desconhecidos do público, como Milton Nascimento, Zé Rodrix, Ivan Lins, Joyce, Belchior, Renato Teixeira, entre muitos outros. E pra embalar este verão no final deste ano, trago aqui o "...Em Pleno Verão", gravado em 1970 pela Philips, com os arranjos de Erlon Chaves e produção de Nelson Motta. Após os turbulentos anos 1960 na carreira de Elis, Nelson Motta foi convidado por ela para produzir um disco mais atual e moderno, consolidando a segunda fase na carreira de Elis, com o sucesso astronômico de "Vou Deitar e Rolar (Quaquaraquaquá)", em que a gargalhada de Elis ficou marcada para a posteridade, logo na abertura do LP. Passando por músicas de Gil e Caetano, "Fechado Pra Balanço" e "Não Tenha Medo", Jorge Ben, "Bicho do Mato" e "Até Aí Morreu Neves", Roberto & Erasmo, "As Curvas da Estrada de Santos" e Tom & Vinicius, "Frevo", o disco traz ainda a interpretação de Elis para a abertura da novela "Verão Vermelho", produzida pela Tv Globo naquele ano, embora esta seja uma versão diferente da novela. Destaque especial para "Copacabana Velha de Guerra", embora pouco conhecida do repertório de Elis, tem uma letra bem interessante e apareceu de forma intrigante em um especial realizado pela Tv Globo na época com Elis e sua "irmã gêmea", além de "Comunicação", também presente em um especial da Elis para a Tv Globo e que traz uma sátira às formas de comunicação da época, e da antológica "These Are The Songs", gravada com o compositor Tim Maia e que se tornou um dos duetos mais célebres da carreira de ambos. Um disco fantástico, que marcou a carreira de Elis e que, como eu, fez com que muitos admirassem ainda mais esta artista extraordinariamente completa.

1 - Vou Deitar e Rolar (Quaquaraquaquá) (Baden Powell / Paulo César Pinheiro)
2 - Bicho do Mato (Jorge Ben)
3 - Verão Vermelho (Nonato Buzar)
4 - Até Aí Morreu Neves (Jorge Ben)
5 - Frevo (Tom Jobim / Vinicius de Moraes)
6 - As Curvas da Estrada de Santos (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)
7 - Fechado Pra Balanço (Gilberto Gil)
8 - Não Tenha Medo (Caetano Veloso)
9 - These Are The Songs (Tim Maia)
10 - Comunicação (Edson Alencar / Hélio Matheus)
11 - Copacabana Velha de Guerra (Joyce / Sergio Flaksman)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

1969 - Jorge Ben

Oi pessoal! Nesta segunda-feira, trago aqui no Blog mais um disco do carioca Jorge Duílio Lima Menezes, também conhecido nacional e internacionalmente como Jorge Ben. Compositor, violonista e cantor de enorme sucesso, Jorge iniciou sua carreira no início dos anos 1960 como pandeirista do conjunto Copa Trio, se apresentando no famoso Beco das Garrafas, no Rio de Janeiro, na casa noturna Little Club. Ainda no Beco, se apresentou como cantor e violonista no Bottle's, apresentando pela primeira vez suas próprias composições. Em 1963, voltou a se apresentar no Bottle's acompanhado pelo Copa Cinco e, a convite do organista Zé Maria, participou como crooner de duas de suas músicas ("Por Causa de Você, Menina" e "Mas Que Nada") no LP  "É Tudo Azul", do próprio organista. Ainda neste ano, foi contratado pela Philips para gravar um disco com as suas duas músicas já gravadas, com o acompanhamento do conjunto Copa Cinco, e que, com o sucesso do disco, impulsionou a gravadora a produzir o primeiro LP de Jorge Ben, "Samba Esquema Novo", o qual atingiu mais de 100 mil cópias vendidas na época. Em 1964, lança pela Philips mais dois LP's, "Sacudin Ben Samba" e "Ben É Samba Bom" e em 1965, após excursionar pelos Estados Unidos, tem duas de suas músicas gravadas por lá por Sergio Mendes ("Mas Que Nada" e "Chove, Chuva"), alcançando as paradas de sucesso norte-americanas. Ao voltar ao Brasil, participou inúmeras vezes dos programas de mais audiência da Tv na época, "O Fino da Bossa" e "Jovem Guarda", além de lançar o disco "Big Ben" ainda em 1965. Dois anos mais tarde, lança o disco "O Bidú - Silêncio no Brooklyn", pela gravadora Rozenblit, acompanhado pelo grupo The Fevers. Em 1969, participou do IV Festival Internacional da Canção, promovido pela Tv Globo, defendendo a música "Charles, Anjo 45", uma das 11 músicas do seu LP lançado neste mesmo ano ("Jorge Ben"), o qual é tema da postagem de hoje. Com 11 composições do próprio Jorge Ben, este disco lançado pela Philips traz uma capa belíssima (arte de Albery), além de lançar novamente Jorge Ben nas paradas de sucesso, com "País Tropical", "Crioula", "Cadê Tereza", "Charles, Anjo 45", além de "Bebete Vaõbora", "Take It Easy My Brother Charles" e "Que Pena" como destaques. Um disco sensacional, que até hoje é considerado como um dos melhores da carreira de Jorge Ben, que traz seu suingue inconfundível e os sucessos que até hoje marcam Jorge Ben como um dos principais ícones de nossa música brasileira. E após conhecer este disco, tem-se a certeza de que não é por acaso.  

01 - Crioula (Jorge Ben)
02 - Domingas (Jorge Ben)
03 - Cadê Tereza (Jorge Ben)
04 - Barbarella (Jorge Ben)
05 - País Tropical (Jorge Ben)
06 - Take It Easy My Brother Charles (Jorge Ben)
07 - Descobri Que Eu Sou Um Anjo (Jorge Ben)
08 - Bebete Vãobora (Jorge Ben)
09 - Quem Foi Que Roubou A Sopeira de Porcelana Chinesa Que A Vovó Ganhou da Baronesa (Jorge Ben)
10 - Que Pena (Jorge Ben)
11 - Charles, Anjo 45 (Jorge Ben)

sábado, 2 de janeiro de 2016

1969 - Alegria, Alegria - Vol. 3 - Wilson Simonal

Oi pessoal! Neste primeiro sábado do ano (aliás, feliz 2016!), depois de alguns meses longe das postagens, trago aqui no Blog mais um disco do carioca Wilson Simonal. Dono de um suingue e um estilo característico, Simonal iniciou sua carreira no final da década de 50 cantando como crooner de grupos e orquestras, cantando rocks e calypsos em bares e boates cariocas da época. Em 1961, convidado por Carlos Imperial, participou do programa "Os Brotos Comandam", na Tv Continental, de onde surgiu o convite da gravadora Odeon para gravar seu primeiro disco, com as músicas "Biquínis e Borboletas" (Britinho / Fernando César) e "Terezinha" (Carlos Imperial). Apostando em seu sucesso, a dupla Mieli & Bôscoli o levou para se apresentar no famoso "Beco das Garrafas".Dois anos mais tarde, pela própria Odeon, Simonal lança seu primeiro LP, "Tem Algo Mais", alcançando grande sucesso com a música "Balanço Zona Sul" (Tito Madi). Em julho de 1964, lança seu segundo sucesso com "Nanã" (Moacir Santos / Mario Telles), num compacto que continha ainda a música já consagrada por João Gilberto, "Lobo Bobo" (Carlos Lyra / Ronaldo Bôscoli), abrindo as portas da Odeon para a gravação de seu segundo LP, "A Nova Dimensão do Samba". No final de 1964, excursionou pela América do Sul, juntamente com o Bossa Três e a dançarina Marly Tavares, se apresentando no primeiro show fora do Beco organizado por Mieli e Bôscoli, "Quem Tem Bossa Vai à Rosa". No início de 1965, é contratado pela Tv Tupi para apresentar o programa "Spotlight", levando ao público suas músicas com um toque mais sofisticado, se aproximando do jazz americano da época. Neste ano, tem um intenso lançamento de novos discos, com o LP "Wilson Simonal" em março, dois compactos e o LP "S'imbora" no final do ano. Em 1966, Simonal fecha contrato com a Tv Record, participando como convidado fixo dos programas "O Fino da Bossa", apresentado por Elis e Jair, e "Jovem Guarda", apresentado pelos músicos do movimento. No primeiro semestre, lança mais dois compactos, com destaque para a música "Mamãe Passou Açúcar em Mim" (Carlos Imperial), que se tornou um dos maiores sucessos da carreira de Simonal. Em novembro, Simonal lança mais um LP, "...Vou Deixar Cair", destacando além do sucesso do compacto, "Carango" (Nonato Buzar / Carlos Imperial) e "Meu Limão, Meu Limoeiro" (Tradicional). E ainda neste mesmo ano, estreia na Tv Record o programa "Show em Si...Monal", o qual renderia um LP duplo, gravado ao vivo no Teatro Record, em 1967. Em 1967, gravou mais alguns compactos, com destaque para "Tributo a Martin Luther King" (Wilson Simonal / Ronaldo Bôscoli), música que acabou sendo fichada pela censura, lançada apenas 3 meses depois e que alcançou o 1º lugar do IBOPE. Ainda no final do ano, lança seu LP "Alegria, Alegria!!!", com desta que para "Nem Vem Que Não Tem" (Carlos Imperial), um dos grandes sucessos de sua carreira, além de "Vesti Azul" (Nonato Buzar), "Belinha" (Toquinho / Vitor Martins), "Agora É Cinza" (Bide / Marçal) e "Aos Pés da Cruz" (Marino Pinto / Zé da Zilda). Em 1968, lança num compacto "Sá Marina" (Antonio Adolfo / Tibério Gaspar), um dos maiores sucessos de sua carreira, além de ser o carro-chefe do LP "Alegria, Alegria - Vol. 2" ou "Quem não tem swing morre com a boca cheia de formiga", lançado no final do ano, destacando também "Zazueira" (Jorge Ben). No final do ano, excursionou pela Europa, retornando ao Brasil para os preparativos do show "De Cabral a Simonal", um dos shows de maior público de sua carreira. Em abril de 1969, lança pela Odeon o disco que é tema da postagem de hoje: "Alegria, Alegria - Vol. 3" ou "Cada um tem o disco que merece". Como destaque principal do disco, temos "Mustang Cor de Sangue", além de "Silva Lenheira" (com incrível arranjo de Cesar Camargo Mariano), Atire a Primeira Pedra, Mulher de Malandro e Silêncio. Um disco que traz a marca inconfundível da "pilantragem" e "malandragem" de Simonal, com arranjos sensacionais e a participação imprescindível do Som 3 na qualidade musical do disco. Lançado no auge de sua carreira, "Cada um tem o disco que merece" resume bem o que o disco representa para Simonal e para o público que não se esquece de um de sues maiores ídolos.        

1 - Silva Lenheira (Jorge Ben)
2 - Mustang Cor de Sangue (Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle)
3 - Menininha do Portão (Nonato Buzar / Paulinho Tapajós)
4 - Silêncio (Eduardo Souto Neto / Sérgio Bittencourt)
5 - Prece Ao Vento (Gilvan Chaves / Alcyr Pires Vermelho / Fernando Luiz Câmara)
6 - What You Say (Wilson Simonal)
7 - Moça (Antonio Adolfo / Tibério Gaspar)
8 - Aleluia, Aleluia (Antonio Adolfo / Tibério Gaspar)
9 - Mamãe Eu Quero (Vicente Paiva / Jararaca)
10 - Meia-Volta (Ana Cristina) (Antonio Adolfo / Tibério Gaspar)
11 - Pensando Em Ti (Herivelto Martins / David Nasser)
12 - Atire A Primeira Pedra (Ataulfo Alves / Mário Lago)
13 - Mulher de Malandro (Celso Castro / Osvaldo Nunes)

quinta-feira, 4 de junho de 2015

1964 - Claudette É Dona da Bossa

Oi pessoal! Nesta quinta-feira, feriado de Corpus Christi, trago aqui no Blog o primeiro disco solo da carreira da carioca Claudette Soares. Dona de uma voz doce e de um imenso talento musical, Claudette Soares iniciou sua carreira ainda criança, revelada no programa "A Raia Miúda" de Renato Murce pela Rádio Nacional, além de se apresentar nos programas "Clube do Guri", comandado por Silveira Lima na Rádio Mauá e no programa "Papel Carbono", também apresentado por Renato Murce na Nacional. Já na década de 1950, participou do programa "Salve O Baião!", na Rádio Tupi, conhecendo o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que a apelidou de "a Princesinha do Baião". No final dessa década, foi convidada pela cantora Sylvia Telles para substituí-la como crooner na boate Plaza, onde dividiu o palco com os músicos Luiz Eça, Baden Powell, João Donato, Milton Banana, entre outros. Em 1960, foi convidada por Ronaldo Bôscoli para participar do show "A Noite do Amor, do Sorriso e da Flor", realizado na antiga Faculdade de Arquitetura do Rio de Janeiro, com o objetivo de divulgar as músicas do movimento Bossa Nova, que aumentava cada vez mais. Participou ainda neste mesmo ano do programa "Brasil 60", da Tv Excelsior e comandado pela atriz Bibi Ferreira. No início dos anos 1960, começou a divulgar a Bossa Nova em bares e casas noturnas de São Paulo, como "Baiúca", "Cambridge", "Juão Sebastião Bar" e "Ela, Cravo e Canela", inaugurando esta última com o espetáculo "Um show de show", ao lado do músico Pedrinho Mattar. Finalmente, em 1964, foi convidada pela gravadora Mocambo a gravar seu primeiro LP solo, tema da postagem de hoje, com destaque para as músicas "Garota De Ipanema", "Samba Do Avião", "Ah! Se Eu Pudesse", "Pra Que Chorar", "Samba Só" e "Evolução". Apesar de ser o disco de estréia de Claudette, este LP nos traz um repertório Bossa Nova bem selecionado, rico, passando por Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, precursores do movimento, além de Baden Powell, Tereza Souza, Walter Santos e Silvio César, compositores que se destacaram como pioneiros na MPB, movimento que em 1964 começava a tomar forma e que viria a ganhar força com os festivais de música promovidos pelas grandes emissoras de Tv do país nos anos seguintes. Além desta importância histórica musical, temos a interpretação de Claudette, com sua voz doce, suave, mas que transmite toda a energia e o talento de uma cantora que ainda tem muito a mostrar ao seu público. Por tudo isso, e selado pela Mocambo, é que Claudette Soares se faz "dona da Bossa" e de uma carreira de mais de 50 anos de muito sucesso.

01 – Pra Que Chorar (Vinicius de Moraes / Baden Powell)
02 – Azul Contente (Tereza Souza / Walter Santos)
03 – Samba Do Avião (Tom Jobim)
04 – Sem Você (Tom Jobim / Vinicius de Moraes)
05 – Ah! Se Eu Pudesse (Roberto Menescal / Ronaldo Bôscoli)
06 – Tristeza De Nós Dois (Durval Ferreira / Bebeto / Maurício Einhorn)
07 – Garota De Ipanema (Tom Jobim / Vinicius de Moraes)
08 – Samba Só (Walter Santos / Tereza Souza)
09 – Crediário Do Amor (Theo de Barros)
10 – Bossa Na Praia (Pery Ribeiro / Geraldo Cunha)
11 – Evolução (Pery Ribeiro / Geraldo Cunha)
12 – Conselho A Quem Quiser Voltar (Silvio César)

domingo, 5 de abril de 2015

1971 - Jesus Cristo - Claudia

Oi pessoal! Feliz Páscoa a todos vocês! Neste dia tão especial, escolhi para postar o disco "Jesus Cristo" (tema que tem tudo a ver com o dia de hoje), gravado pela cantora carioca Claudia. Sua carreira teve início aos oito anos de idade, cantando num programa de calouros na Rádio Sociedade, em Juiz de Fora (MG). Aos 13 anos, já cantava como crooner de um conjunto, denominado Meia-Noite, que se apresentava em bailes e festas em sua cidade. Em 1965, iniciou sua carreira profissional ao participar do programa "O Fino da Bossa", comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues na Tv Record. Contudo, devido às críticas da época, as quais diziam que a "novata" Claudia era tão boa quanto Elis, o relacionamento delas "azedou" e a Claudia foi banida do programa. Neste mesmo ano, foi agraciada com o prêmio Roquette Pinto como cantora revelação e, em seguida, foi convidada pelo saxofonista japonês Sadao Watanabe a fazer uma excursão pelo Japão, cantando em hotéis, boates, clubes e teatros durante seis meses, a qual lhe rendeu o primeiro disco, com uma tiragem de 200 mil cópias. Ainda no mesmo ano, retorna ao Brasil, gravando pela RGE um compacto com as músicas "Deixa O Morro Cantar" (Tito Madi) e "Sorri", de Zé Ketti e Élton Medeiros. No ano seguinte, classifica em 3º lugar no II Festival Nacional de Música Popular Brasileira, realizado pela Tv Excelsior, a música "Chora Céu" (Luis Roberto / Adilson Godoy), sendo esta gravada em compacto (também pela RGE), juntamente com a canção "Mensagem" (Adilson Godoy). Em 1967, grava seu primeiro LP "Claudia", com destaque para as músicas "Vento de Maio" (Gilbero Gil / Torquato Neto), "Chora, Céu", "Amanhã Ninguém Sabe" (Chico Buarque), "Canção de Não Cantar" (Sergio Bittencourt) - esta defendida pelo grupo MPB-4 no II Festival de MPB, promovido pela Tv Record neste mesmo ano, alcançando o 4º lugar - e "Não Se Aprende Na Escola" (Haroldo Barbosa), alcançando boa repercussão na crítica e no público. Após um ano excursionando pela Europa e retornar ao Brasil, Claudia participa do I Festival Fluminense da Canção, realizado em Niterói, com a música "Razão de Paz para Não Cantar" (Eduardo lage / Alézio Barros), obtendo o 1º lugar. Em seguida, se inscreve no IV Festival Internacional da Canção, promovido pela Tv Globo em 1969, classificando a música "Razão de Paz para Não Cantar" em 4º lugar na fase nacional do festival e conquistando o prêmio de melhor intérprete. No ano seguinte, representou o Brasil no XI Festival da Canção (México), trazendo consigo quatro medalhas de ouro, inclusive a de melhor intérprete. Em 1971, lança seu terceiro LP, "Jesus Cristo" pela gravadora Odeon, tema da postagem de hoje,com destaque para as músicas "Jesus Cristo" (música que dá título ao disco), "Com Mais de 30", "Mudei De Idéia", "Mais Que Perfeito", "A Voz do Violão", "Frente Fria", e "Ossain". Este disco nos traz uma cantora já amadurecida, com mais de cinco anos de carreira, já conhecida do público, com a imagem desvinculada à de Elis (adquirida no início de sua carreira) e que traz uma interpretação firme, com voz clara e decidida, marca de sua música e reflexo de seu talento musical. Um disco completo, de rico repertório, que nos traz em onze canções o melhor da cantora Claudia, em disco até então.

1 - Jesus Cristo (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)
2 - Amigo (Fred Falcão / Arnoldo Medeiros)
3 - Ossain (Antonio Carlos Pinto / Jocafi / Ildásio Tavares)
4 - Frente Fria (Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle)
5 - Seresta No Castelinho (Klécius Caldas / Sandra Barreto)
6 - Mudei De Idéia (Antonio Carlos Pinto / Jocafi)
7 - Mais Que Perfeito (Abílio Manoel)
8 - Moeda, Reza e Cor (Dom Salvador / Marcos Versiani)
9 - Baobá (Mário Albanese / Ciro Pereira)
10 - A Voz do Violão (Francisco Alves / Horácio Campos)
11 - Com Mais de 30 (Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle)

quarta-feira, 11 de março de 2015

1958 - Vamos Falar de Brasil - Inezita Barroso

Oi pessoal! É com eterna saudade que faço aqui no Blog uma singela homenagem à cantora Inezita Barroso, que nos deixou no último dia 8 de março, e que fez da música caipira sua vida, seja em suas músicas ou em entrevistas no lendário "Viola, Minha Viola", programa que apresentou por quase 35 anos na Tv Cultura nos domingos de manhã. Sua carreira teve início aos nove anos de idade, levada pelo pai a se apresentar na Rádio São Paulo no programa do Capitão Furtado. Nos anos seguintes, continuou a se apresentar esporadicamente em programas de rádio, cantando, tocando ou como professora de música. Em 1950, após participar como atriz do filme "Angela", de Tom Payne e Abílio Pereira de Almeida (cantando as músicas "Quem É", de Marcelo Tupinambá, e "Enquanto Houver", de Evaldo Ruy), foi convidada por Vicente Leporace e Evaldo Ruy para participar de um especial na Rádio Bandeirantes, em homenagem ao compositor Noel Rosa. Em 1951, Inezita foi convidada a gravar seu primeiro disco pela Sinter, com as músicas "Funeral De Um Rei Nagô", de Hekel Tavares e Murilo Araújo, e "Curupira", de Waldemar Henrique. Em seguida, viajou com o marido para o nordeste brasileiro, onde conheceu o compositor Capiba, que a convidou para realizar um recital no teatro Santa Izabel, em Recife. No ano seguinte, Inezita assina contrato com a Rádio Nacional de São Paulo, participando da inauguração da emissora. Um ano mais tarde, muda-se para a Rádio Record, apresentando pela primeira vez um programa de auditório, com arranjos de Hervê Cordovil, além de ingressar na gravadora RCA Victor. Ainda em 1953, gravou três discos pela nova gravadora, com destaque para a gravação de dois dos maiores sucessos da carreira de Inezita, "Marvada Pinga", de Cunha Jr., e "Ronda", de Paulo Vanzolini, além de participar do filme "Mulher de Verdade", de Alberto Cavalcanti, ganhando após o lançamento deste o Prêmio Saci de melhor atriz. Em 1954, gravou mais quatro discos pela RCA Victor, além de conquistar os prêmios Roquette Pinto (melhor cantora de rádio de música popular brasileira) e Guarani (melhor cantora de disco), participar do filme "É Proibido Beijar", de Ugo Lombardi (interpretando o baião "João Baiano", de Betinho), e de fazer sua estréia na televisão participando do programa "Afro" pela Tv Tupi. A partir deste mesmo ano, passou a apresentar o programa "Vamos Falar de Brasil" na Tv Record, considerado o primeiro programa totalmente dedicado à música da Tv brasileira. No ano seguinte, Inezita gravou diversas músicas com temas relacionados ao folclore brasileiro, ingressando na gravadora Copacabana ainda em 1955 e lançando seu primeiro LP, "Inezita Barroso". Em 1956, lançou o disco "Danças Gaúchas", dedicado a temas tradicionais gaúchos, acompanhada pelo grupo folclórico de Barbosa Lessa, por Luis Gaúcho na sanfona e pelos Titulares do Ritmo no coral, além do LP "Vamos Falar de Brasil", o qual trouxe o clássico "Tristeza do Jeca" (Angelino Oliveira) na interpretação antológica de Inezita. Neste mesmo ano, a gravadora RCA Victor lançou o LP "Coisas do Meu Brasil", com uma coletânea de antigas gravações de Inezita, como "Estatutos da Gafieira" (Billy Blanco) e "Moda da Pinga", entre outras. Também neste ano levou o Prêmio Roquette Pinto como a melhor intérprete de música popular, além de publicar o livro "Roteiros de Um Violão". No ano seguinte, Inezita excursionou pelo Brasil, aumentando seu repertório com novos temas folclóricos ao percorrer o nordeste brasileiro, além de ganhar mais uma vez o troféu Roquette Pinto e o Prêmio Guarani. Finalmente, em 1958, é lançado pela Copacabana o disco que é tema da postagem de hoje. Além de trazer o sucesso de "Moda da Pinga", o disco trás ainda os sucessos de "Lampião de Gás" e "Azulão", dois dos maiores sucessos da carreira da cantora, além de. Este disco, lançado numa das melhores fases da carreira da cantora Inezita, nos mostra o talento de uma intérprete que imprime às suas canções a força da música popular, como em "Peixe Vivo", "Festa do Congado", "Engenho Novo" e "Lua, Luá". Um disco fantástico, que nos fala de um Brasil simples, um pouco esquecido nos dias de hoje, que nos é lembrado e cantado na voz da nossa eterna dama da música caipira, aqui reverenciada e homenageada, para sempre, Inezita Barroso.

1 - Retiradas (Oswaldo de Souza)
2 - Peixe Vivo (Rômulo Paes / Henrique de Almeida)
3 - Engenho Novo (Hekel Tavares)
4 - Zabumba de Nego (Hervê Cordovil)
5 - Lampião de Gás (Zica Bergami)
6 - Ismália (Alphonsus de Guimarães / Capiba)
7 - Festa do Congado (Juracy Silveira)
8 - Temporal (Paulo Ruschel)
9 - Lua, Luá (Catulo de Paula)
10 - Azulão (Jayme Ovalle / Manoel Bandeira)
11 - Seresta (Georgina Erismann)
12 - Moda da Pinga (Laureano / Raul Torres)

domingo, 22 de fevereiro de 2015

1957 - Carnaval de Rua - Herivelto Martins

Oi pessoal! Depois de mais de 2 meses de ausência, segue uma preciosidade de nossa música brasileira, nos apresentada pelo grande e saudoso compositor de "Aquarela do Brasil", Ary Barroso: "Carnaval de Rua". Gravado em homenagem aos 25 anos de carreira de Herivelto Martins pela Mocambo, este disco nos traz alguns dos principais sucessos da carreira de Herivelto até então. Incentivado pelo compositor carioca Príncipe Pretinho, Herivelto iniciou sua carreira musical participando de ensaios e, posteriormente, integrando como arranjador do Conjunto Tupi. Sua primeira composição, "Da Cor do Meu Violão", foi apresentada ao músico J. B. de Carvalho (um dos criadores do Conjunto Tupi), o qual aceitou que fosse gravado para o carnaval de 1932, desde que fosse seu parceiro na canção. No ano seguinte, participou no coro e de algumas gravações do Conjunto Tupi, até que no final deste ano se separou do conjunto com o músico Francisco Sena, formando a dupla Preto e Branco, que viria a substituir o conjunto nas apresentações no Cine Odeon, na Cinédia. Em 1934, com Francisco de Sena grava o primeiro disco da dupla preto e branco pela Odeon, com os sambas "Quatro Horas" e "Preto e Branco", ambos de sua autoria. Ainda neste ano, foram gravadas em disco algumas canções da dupla, com destaque para "A Vida É Boa" (Herivelto Martins / Francisco Sena / Assis Valente), gravada por Carlos Galhardo, e "Mais Uma Estrela" (Herivelto Martins / Bonfíglio de Oliveira), gravada por Mário Reis. No ano seguinte, mais algumas músicas suas foram gravadas por cantores de destaque, como Aracy de Almeida ("Pedindo A São João", com Darcy de Oliveira, e "Santo Antônio, São Pedro e São João", com Alcebíades Barcelos), Silvio Caldas ("Samaritana", com Benedito Lacerda) e Carlos Galhardo ("É de Verdade", com Bonfíglio de Oliveira) e, repentinamente, com a morte de Francisco Sena, a dupla se desfez. No ano seguinte, Herivelto conhece Nilo Chagas, com quem recria a dupla Preto e Branco e que retoma a carreira de sucesso que estava iniciando. Em 1937, numa das apresentações da dupla no Teatro Pátria, conheceu Dalva de Oliveira, que se tornaria a grande intérprete da dupla, formando assim o famoso Trio de Ouro, e futuramente, sua esposa. Já no primeiro disco gravado pela RCA Victor do então Trio de Ouro, com as músicas "Itaquari" e "Ceci e Peri" (composições de Príncipe Pretinho) fizeram grande sucesso, sendo contratados pela Rádio Mayrink Veiga. Nos anos seguintes, o trio continuou se apresentando pelo país e pelo rádio, emplacando sucessos e gravando discos, com destaque para "Praça Onze" (escrita por Herivelto a pedido de Grande Otelo, sobre a demolição da antiga Praça XI para dar lugar à atual Avenida Presidente Vargas), um dos grandes do carnaval de 1941, "Ave-Maria No Morro", gravada originalmente em 1942 e que se transformou num dos maiores sucessos do compositor, "Lá Em Mangueira" (com Heitor dos Prazeres), "Mangueira, Não" (com Grande Otelo), "Laurindo", todos os três de 1943, além de "Que Rei Sou Eu?" (com Waldemar Ressurreição), de 1944, "Isaura" (com Roberto Roberti), de 1945, "Edredom Vermelho" (gravado com grande sucesso por Isaura Garcia) e "Fala, Claudionor" (com Grande Otelo), ambas de 1946, "Segredo" (com Marino Pinto), "Senhor do Bonfim" e "Caminhemos", todas as três de 1947.Esta última, sendo considerada um prenúncio à separação de Dalva e Herivelto e o fim do Trio de Ouro com a formação original. No ano seguinte, veio o último sucesso do Trio de Ouro, com a música "Cabelos Brancos" (em parceria com Marino Pinto), imortalizada nas vozes de Silvio Caldas, Nelson Gonçalves e 4 Ases e 1 Curinga. No ano seguinte, Dalva e Herivelto se separam e a história da separação do casal vira drama nos jornais, contada pelo marido em detalhes, tornando-se escândalo nacional. Depois deste episódio, o prestígio de Herivelto é diminuído e Dalva de Oliveira torna-se uma das maiores cantoras que este país já viu e ouviu, seguindo carreira solo e respondendo às acusações de Herivelto em lindas canções e grandes sucessos. Mesmo com o relançamento do Trio de Ouro, com Nilo Chagas e Noemi Cavalcanti, o sucesso do grupo não continuou como na primeira formação, porém ainda continuaram os sucessos, como "Ouro Preto" e "Camisola do Dia", ambos com David Nasser, sendo este último lançado por Nelson Gonçalves em 1952. No ano seguinte, veio a terceira formação do Trio de Ouro, com Raul Sampaio e Lourdinha Bittencourt, com o sucesso de "Negro Telefone", além das canções "Pensando Em Ti", "Francisco Alves" e "Carlos Gardel", todas com David Nasser, e que foram lançadas com grande sucesso por Nelson Gonçalves. Em 1955, veio o sucesso "Hoje Quem Paga Sou Eu", também com David Nasser e lançado por Nelson, além de "João, João", gravado pelo trio e "Boêmio", lançado por Francisco Carlos. Em 1957, em homenagem aos 25 anos de sua carreira, é lançado pela Mocambo o disco tema da postagem de hoje. Apesar do pouco prestígio do Trio de Ouro na época, Herivelto ainda lançava músicas de grande sucesso, nas vozes dos mais famosos cantores da época e, por sua história e importância para a música brasileira, esta homenagem foi idealizada e gravada pela orquestra da Mocambo, trazendo oito sambas que expressam toda a originalidade de Herivelto em suas letras leves, simples e musicais, cantando um Rio de Janeiro do tempo dos saudosos e velhos carnavais. Um disco importante, de um belíssimo repertório, homenageando os 25 anos de um de nossos maiores compositores brasileiros.       

1 - Apresentação De Ary Barroso
2 - Saudosa Mangueira (Herivelto Martins)
3 - Lá Em Mangueira (Herivelto Martins / Heitor dos Prazeres)
4 - Laurindo (Herivelto Martins)
5 - Mangueira, Não (Herivelto Martins / Grande Otelo)
6 - Acorda Escola De Samba (Herivelto Martins / Benedito Lacerda)
7 - Praça Onze (Herivelto Martins / Grande Otelo)
8 - Noite Enluarada (Herivelto Martins / Heitor dos Prazeres)
9 - Bom Dia Avenida (Herivelto Martins / Grande Otelo)

terça-feira, 25 de novembro de 2014

1962 - The Boss Of The Bossa Nova - João Gilberto

Oi pessoal! Nesta terça-feira chuvosa, trago aqui no Blog mais um disco do baiano João Gilberto. Aos 19 anos, se muda para o Rio de Janeiro, onde integra o conjunto vocal Garotos da Lua, como crooner do grupo. Em 1951, com o grupo Garotos da Lua, lançou seus dois primeiros discos, pela gravadora Todamérica, com as músicas "Anjo Cruel" (Wilson Batista / Alberto Rego), "Sem Ela" (Raul Marques / Alberto Ribeiro), "Quando Você Recordar"  (Walter Souza / Milton Silva) e "Amar É Bom" (Zé Ketti / Walter Abdalla). No ano seguinte, grava seu primeiro disco solo pela Copacabana, com as músicas "Quando Ela Sai" (Alberto Jesus / Roberto Penteado) e "Meia Luz" (Hianto de Almeida / João Luiz). Em 1953, a cantora Marisa (mais tarde conhecida nacionalmente como Marisa Gata Mansa) , gravou em seu primeiro disco a música "Você Esteve Com Meu Bem", primeira composição de João Gilberto gravada em disco pela RCA Victor. Após passagens rápidas por grupos e conjuntos musicais da época, como Quitandinha Serenaders e Anjos do Inferno, João se mudou para o Rio de Janeiro em 1957, onde costumava frequentar a Boate Plaza, lugar onde se encontravam vários músicos que idealizavam um novo conceito musical, o qual se tornaria o movimento Bossa Nova anos mais tarde. No ano seguinte, participou da gravação do disco "Canção do Amor Demais", de Elizete Cardoso, acompanhando a cantora ao violão nas músicas "Chega de Saudade" (Tom Jobim / Vinicius de Moraes) e "Outra Vez" (Tom Jobim), além de gravar seu primeiro disco solo, desta vez pela Odeon, com as músicas "Chega de Saudade" e "Bim Bom" (João Gilberto). Este disco, gravado sem nenhuma pretensão por João Gilberto, tornou-se um dos marcos iniciais do movimento que viria a revolucionar a música brasileira nos anos seguintes - a Bossa Nova -, devido à interpretação intimista e da nova batida no violão. Em 1959, gravou mais um disco pela Odeon, com as músicas "Desafinado" (Tom Jobim / Newton Mendonça) e "Oba-La-Lá" (João Gilberto) e, com o grande sucesso, foi convidado ainda neste mesmo ano a gravar o LP "Chega de Saudade", com produção de Aloysio de Oliveira e arranjos de Tom Jobim. Estes dois discos emblemáticos tornaram-se marcos iniciais da Bossa Nova, lançando ao mundo a interpretação intimista do violão de João Gilberto e as letras e canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Ainda no final deste ano, João Gilberto gravou pela Odeon seu primeiro LP, intitulado "Chega de Saudade", que continha, além das gravações do seu primeiro disco solo, imortalizados sucessos da Bossa Nova, como "Desafinado" (Tom Jobim / Newton Mendonça), "Lobo Bobo" (Carlos Lyra / Ronaldo Bôscoli), "Saudade Fez Um Samba" (Carlos Lyra / Ronaldo Bôscoli) e "Brigas, Nunca Mais" (Tom Jobim / Vinicius de Moraes). Em 1960, foi lançado seu segundo LP (também pela Odeon), intitulado "O Amor, O Sorriso E A Flor", com destaque especial para a música "Samba de Uma Nota Só" (Tom Jobim / Newton Mendonça) que se transformou numa das principais canções do movimento. Ainda neste ano, participou de alguns shows pelo Brasil, como no Teatro de Arena (RJ), com o título "O Amor, O Sorriso E A Flor", além de se apresentar na boate Arpège (RJ) e na Associação Atlética Banco do Brasil, em Salvador, ao lado de Vinicius de Moraes. Em 1961, grava no Brasil pela Odeon seu terceiro LP, "João Gilberto", o qual foi lançado nos EUA no ano seguinte com o título "The Boss Of The Bossa Nova", porém com a regravação da música "Este Seu Olhar". Este disco, tema da postagem de hoje, lançado pelo selo Atlantic, nos traz os sucessos de "Samba da Minha Terra", "O Barquinho", "Este Seu Olhar", "Você E Eu", "Insensatez", "Bolinha de Papel", A Primeira Vez", "Saudade da Bahia" e "Amor Em Paz", na interpretação única de João Gilberto, seu violão e muita Bossa Nova. Um disco fantástico, que dispensa comentários não só pela sua história, como também pela sua altíssima qualidade musical (letras, arranjos, repertório e interpretação), que nos transporta à esta época mágica de nossa música brasileira.

1 - Bolinha de Papel (Geraldo Pereira)
2 - Samba da Minha Terra (Dorival Caymmi)
3 - Saudade da Bahia (Dorival Caymmi)
4 - O Barquinho (Roberto Menescal / Ronaldo Bôscoli)
5 - A Primeira Vez (Armando Marçal / Alcebíades Barcellos)
6 - Amor Em Paz (Tom Jobim / Vinicius de Moraes)
7 - Você E Eu (Carlos Lyra / Vinicius de Moraes)
8 - Insensatez (Tom Jobim / Vinicius de Moraes)
9 - Trenzinho (Lauro Maia)
10 - Presente de Natal (Neley Noronha)
11 - Coisa Mais Linda (Carlos Lyra / Vinicius de Moraes)
12 - Este Seu Olhar (Tom Jobim)

domingo, 2 de novembro de 2014

1966 - O Samba Vem Lá de Cima - Angela Maria

Oi pessoal! Neste domingo de finados, trago aqui no Blog mais um disco de uma das maiores cantoras da história de nossa música brasileira, a carioca Abelim Maria da Cunha, conhecida popularmente como Angela Maria (pseudônimo usado desde o início da carreira para que a família não descobrisse sua carreira de cantora). Com uma carreira belíssima de mais de 60 anos de muitas histórias, sucessos e discos, Angela Maria iniciou sua carreira cantando em rádios no Rio de Janeiro no fim dos anos 40. Em 1951, gravou seu primeiro disco pela RCA Victor, com as músicas "Sou Feliz", de Augusto Mesquita e Ari Monteiro, e "Quando Alguém Vai Embora", de Cyro Monteiro e Dias da Cruz. Com a gravação do samba "Não Tenho Você", de Paulo Marques e Ari Monteiro, bateu recorde de vendas, iniciando em sua carreira um caminho de enorme sucesso. Durante os anos 50, Angela Maria tornou-se um dos expoentes máximos de nossa música brasileira através das ondas do rádio, eleita Rainha do Rádio em 1954 (com 1.464.906 votos), um dos maiores prêmios (senão, o maior) da época para as melhores cantoras do ano, sendo noticiado pelo jornal "O Globo" da seguinte forma: "Ângela Maria assinalando uma apuração recorde de mais de um milhão de votos, inegavelmente a mais popular cantora do nosso broadcasting neste último ano, sagrou-se a Rainha do Rádio de 1954. A coroação da soberana terá lugar na próxima terça-feira, por ocasião do Baile do Rádio, a ser realizado no Teatro João Caetano". Três anos depois, Angela lançou um dos seus maiores sucessos, "Babalú" (de Margarita Lecuona), gravado posteriormente num 78 rpm pela Copacabana, que trazia do outro lado do disco a música "O Samba E O Tango" (de Amado Régis). Ainda nesta época, ganhou o apelido "sapoti" do então presidente Getúlio Vargas: "Menina, você tem a voz doce e a cor do sapoti". No início da década de 1960, com o advento de novos movimentos musicais e cantores no cenário musical, a música e as cantoras da era de ouro do rádio foram ficando esquecidas pelo grande público, principalmente pela juventude. Contudo, Angela Maria continuou fazendo sucesso com suas músicas e canções, principalmente entre o povo mais humilde e sua legião de fãs e admiradores. E é neste cenário que o disco "O Samba Vem Lá de Cima", gravado em 1966 pela Copacabana, traz doze sambas marcados pela interpretação belíssima e marcante de Angela Maria, com destaque para "Boêmio Na Calçada", "Janela", "Fogo No Morro", "Minha Saudade", "Prece A Um Anjo De Cor", "Palmas No Portão", "Menina, Quem Foi Seu Mestre" e "Saudade", além de "Madrugada", do sambista carioca Zé Ketti. Apesar de não ter sido lançado na fase áurea de Angela Maria, este LP traz grandes sambas, interpretados de forma brilhante pela sapoti, mostrando o seu talento ao povo que, um dia, a elegeu rainha, e que nunca se esquecerá de sua majestade. Viva, Angela Maria!!!


1 - Fogo No Morro (José Batista / Monsueto)
2 - Madrugada (Zé Ketti)
3 - Janela (Jota Junior)
4 - Saudade (Nilo Viana / Roberto Nunes / Paulo Filho)
5 - Boêmio Na Calçada (Rubens Campos / Waldemar Silva)
6 - Minha Saudade (Benil Santos / Raul Sampaio)
7 - Menina, Quem Foi Seu Mestre (Erasmo Silva)
8 - Palmas No Portão (Walter Dionísio / D'Acri Luiz)
9 - Prece A Um Anjo De Cor (Carlos Cruz / Fernando César)
10 - João Ninguém (F. Martins / A. Maciel)
11 - Agora Sei (José Garcia / Laurindo do Cabuçu)
12 - Aquele Meu Lugar (Raul Marques / Estanislau Silva / Monsueto)

Este disco pode ser buscado em https://parallelrealitiesstudio.wordpress.com/2009/09/27/angela-maria-o-samba-vem-la-de-cima-1966/

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

1958 - Descendo O Morro - Roberto Silva

Oi pessoal! Nesta quinta-feira, posto aqui no Blog mais um disco em homenagem a um cantor pouco lembrado pelo grande público nos dias de hoje e que, infelizmente, deixou a nossa música brasileira mais vazia com sua morte há pouco mais de dois anos. Trata-se do carioca Roberto Silva, que dedicou mais de 60 anos de carreira à música brasileira, em especial ao samba. Desde o final da década de 1930, Roberto Silva começou a freqüentar e participar de alguns dos principais programas de rádio da época, sendo contratado pela Rádio Mauá em 1943 após cantar a música "Risoleta" (Raul Marques / Moacyr Bernardino). Três anos depois, bancado pelos autores das músicas, gravou seu primeiro disco pela Continental, com as músicas "Ele É Esquisito", de Walter Rodrigues, e "O Errado Sou Eu", de Djalma Mafra. Ainda neste mesmo ano, ingressou na Rádio Nacional, levado por Evaldo Rui e Haroldo Barbosa. Ainda na década de 1940, foi levado para a Tv Tupi por Paulo Gracindo, para participar do elenco da rádio, sendo batizado pelo locutor Carlos José como "o Príncipe do Samba", apelido este que levaria por toda a sua vida. Em 1947, foi contratado pela gravadora Star (que em 1953 se transformaria na gravadora Copacabana), onde gravou por mais de 30 anos todos os maiores sucessos de sua carreira. No ano seguinte, lançou seu primeiro sucesso com a música "Maria Teresa", de Altamiro Carrilho. Nos anos seguintes, continuou a gravar inúmeros sambas, com destaque para "Mandei Fazer Um Patuá", de Raimundo Olavo e Norberto Martins (1948), "Perdi Você", de Raimundo Olavo e Silva Jr. (1954), "Mãe Solteira", de Wilson Batista e Jorge de Castro (1954), "Notícia", de Nelson Cavaquinho, Alcides Caminha e Norival Reis (1955), "Samba Rubro-Negro", de Wilson Batista e Jorge de Castro (1955) e "Emília", de Wilson Batista e Haroldo Lobo (1957). No ano seguinte, Roberto lançou seu primeiro LP, "Descendo o Morro...", o qual teria sua continuação com mais três LP's, e que é o tema da postagem de hoje. Lançado pela Copacabana, o disco traz doze sambas de altíssimo nível, com destaque para as músicas "Ai! Que Saudades da Amélia" (como nota, para mim esta é uma das melhores interpretações desta música que já ouvi até hoje), "Risoleta", "Juracy", "Falsa Baiana", "A Voz do Morro", "Agora É Cinza", "Emília", "Indecisão" e "Seu Libório. Um disco sensacional, que traz o melhor do samba da época, de autores referenciados, consagrados, na interpretação leve, alegre, no estilo sincopado e marcado de Roberto Silva. Considerado príncipe não por acaso, com o dom de transformar grandes sambas em verdadeiras jóias do samba de morro e da música brasileira.

1 - Indecisão ( Aylce Chaves / Paulo Marques)
2 - Risoleta (Raul Marques / Moacyr Bernardino)
3 - Juracy (Antônio Almeida / Cyro de Souza)
4 - A Mulher de Seu Oscar (Ataulfo Alves / Wilson Batista)
5 - Seu Libório (Alberto Ribeiro / João de Barro)
6 - Agora É Cinza (Marçal / Bide)
7 - Pisei No Despacho (Geraldo Pereira)
8 - Ai! Que Saudades da Amélia (Ataulfo Alves / Mário Lago)
9 - Falsa Baiana (Geraldo Pereira)
10 - Emília (Haroldo Lobo / Wilson Batista)
11 - Bebida, Mulher, Orgia (Manoel Rabaça / Luiz Pimentel / Anis Murad)
12 - A Voz do Morro (Zé Ketti)