domingo, 25 de março de 2012

1960 - Eu Sou O Samba - Jorge Goulart

Oi pessoal! Neste domingo, em que se multiplicam homenagens a um dos maiores humoristas que o Brasil já teve o prazer de conhecer, Chico Anysio, falecido na última sexta-feira, trago aqui no Blog da Música Brasileira um disco também em homenagem a um dos maiores nomes da música brasileira das décadas de 1940 e 1950, Jorge Goulart, que nos deixou no último dia 17 de março. Em 1943, aos 16 anos de idade, estreou em casas noturnas do Rio de Janeiro cantando músicas de Custódio Mesquita como crooner. Neste mesmo ano, participou do programa de Ary Barroso cantando seu primeiro sucesso, "Xangô", de Ary Barroso e Fernando Lobo, garantindo seu primeiro contrato exclusivo com a Rádio. Dois anos depois, por influência de Custódio Mesquita, lança seu primeiro disco pela RCA Victor, com as músicas "A Volta" e "Paciência, Coração", ambas de Aldo Cabral e Benedito Lacerda. Ainda neste mesmo ano, gravou mais um disco pela RCA Victor com as músicas "Nem Tudo É Possível", de Cícero Nunes e Aldo Cabral, e "Feliz Ilusão", de Castro Vargas e Aldo Cabral. Em 1946, participou do filme "Segure Esta Mulher", de Watson Macedo, ao lado de Grande Otelo, Aracy de Almeida, Bob Nelson, Emilinha Borba, dentre outros. Em 1948, gravou pela Star os sambas "Caso Perdido", de Henrique de Almeida e Geraldo Gomes, "Meu Amor", de Valdemar de Abreu, o Dunga, e "Fiquei Louco", de Erasmo Silva e Ciro de Souza. No ano seguinte, participou do filme "Carnaval de Fogo", de Watson Macedo, gravou "Noites de Junho", de Lamartine Babo, e "São João", de Alcyr Pires Vermelho e Moreira da Silva, para as festas juninas. Ainda em 1949, gravou pela Continental as músicas "Miss Mangueira", de Antônio de Almeida e Wilson Batista, e "Balzaqueana", de Nássara e Wilson Batista, sendo esta um dos maiores sucessos do Carnaval de 1950. Pelo sucesso de "Balzaqueana", foi contratado pela Rádio Nacional, permanecendo mais de 15 anos na rádio. Neste ano de 1950, atuou no filme "Aviso aos Navegantes", de Watson Macedo, além de gravar os sambas "São Paulo", de Haroldo Barbosa e Garoto, e "No Fim da Estrada", de Wilson Batista e Nóbrega de Macedo. No ano seguinte, gravou as músicas "Meu Drama", de Wilson Batista e Ataulfo Alves, "Mexe Mulher", de Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, além do sucesso do Carnaval, "Sereia de Copacabana", de Nássara e Wilson Batista. Em 1952, casa-se com a cantora Nora Ney, recém divorciada, além de gravar os sucessos de "Mundo de Zinco", de Nássara e Wilson Batista, e "Mané Fogueteiro", de João de Barro, além de participar dos filmes "É Fogo na Roupa", de Watson Macedo, e "Tudo Azul", de Moacir Fenelon. Ainda neste ano, gravou as músicas "A Mulher do diabo", de Antônio de Almeida, e "Salve a Mulata", de Antônio de Almeida e João de Barro, pela Todamérica. Em 1953, gravou, entre outras, "Festa Canora"de Humberto Teixeira, e "Asa Branca", de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, e "Cais do Porto", de Capiba, um dos maiores sucessos do compositor pernambucano. No ano seguinte, gravou o sucesso "Couro de Gato", além de "Maria das Dores", de Ary Barroso, e "Graças a Deus Ela Não Veio", de Alcyr Pires Vermelho e João de Barro, ambas com acompanhamento do maestro Radamés Gnattali. Em 1955, gravou com Radamés Gnattali os sambas "Ninguém Tem Pena", de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira e "Você Não Quer, Nem Eu", de Ataulfo Alves, além de gravar seu primeiro LP "Brasil em Ritmo de Samba", com destaque para o sucesso da música de Zé Ketti "A Voz do Morro" e, no ano seguinte, gravou as músicas "O Samba Não Morreu", de Zé Ketti e Urgel de Castro, "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso, e "Onde o Céu É Mais Azul", de João de Barro, Alberto Ribeiro e Alcyr Pires Vermelho. Em 1957, gravou "Brasil", de Lindolfo Gaya, "Sempre Mangueira", de Nássara, Wilson Batista e Jorge de Castro, "Descendo o Morro", de Billy Blanco e Tom Jobim, e "Laura", de João de Barro e Alcyr Pires Vermelho. No ano seguinte, gravou "Palhaço", de Ivon Curi, participou do filme "Rio 40 Graus", de Nelson Pereira dos Santos, além de ser escolhido pela revista Radiolândia como o melhor cantor do ano. Em 1959, gravou o LP "Em Tempo de Samba" e, no ano seguinte, gravou o LP "Eu Sou o Samba", tema da postagem de hoje. Um dos maiores e melhores discos de sambas da música brasileira, este disco traz um Jorge Goulart no auge de sua carreira, em músicas como "A Voz do Morro", "João Cachaça", "Samba Fantástico", "É Luxo Só", "Não Sou Feliz", "Se O Mal Pensar É Pecado", "É Amanhã no Morro" e "Eu Nasci No Morro". Um disco maravilhoso, de sambas, música genuinamente brasileira, que mostra àqueles que não conheceram, o talento e a importância de Jorge Goulart para a história da nossa música brasileira.

2 - Não Sou Feliz
3 - Eu Nasci No Morro
4 - Meu Samba
5 - Se O Mal Pensar É Pecado
6 - Brasília, Capital da Esperança
7 - Samba Fantástico
8 - João Cachaça
9 - É Luxo Só
10 - Lamento de Um Sambista
11 - É Amanhã No Morro
12 - O Rei do Samba

sábado, 17 de março de 2012

1979 - Elis Especial

Oi pessoal! Neste sábado, 17 de março, comemora-se o aniversário de 67 anos de Elis Regina, uma das maiores cantoras que o Brasil já viu e ouviu, que encantou sua geração e continua, até hoje, influenciando as novas gerações, seja por seu estilo inconfundível de "pimentinha", seja por seu talento e suas interpretações inesquecíveis de clássicos de nossa música brasileira. Apesar de ter nos deixado há mais de trinta anos, sua obra continua muito atual e referência musical para a MPB dos dias de hoje, sendo temas de trilhas sonoras de novelas, como "Redescobrir", na novela "Ciranda de Pedra" (2008), "Alô, Alô, Marciano", na novela "Cobras & Lagartos" (2006), "20 Anos Blues", na novela "Insensato Coração" (2011), "Dois Pra Lá, Dois Pra Cá", na novela "Caminho das Índias" (2009), entre outras. Contudo, ao longo da carreira de Elis, por entre sucessos e discos lançados ano a ano, muitas músicas de última hora foram cortadas dos projetos finais de seus discos. Com a saída da cantora da gravadora Philips, em 1979, foi lançado o disco "Elis Especial", tema da postagem de hoje, com onze músicas que ao longo dos anos ficaram de fora dos LPs de Elis. Dentre as onze, a música "Violeta de Belfort Roxo", de João Bosco e Aldir Blanc, tinha ficado de fora do LP "Elis", de 1977, juntamente com "O Que Foi Feito de Vera", de Milton Nascimento e Fernando Brandt. As outras músicas fazem parte das "sobras" do projeto do disco de Elis, de 1972, que seria lançado como LP duplo, mas que ao final acabou saindo como disco simples. Apenas as músicas "A Fia de Chico Brito" e "Osanah", que faziam parte deste mesmo disco, tinham sido gravadas no compacto duplo de 1971, juntamente com "Nada Será Como Antes" e "Casa No Campo", além de "Entrudo", que havia sido lançada num compacto simples, em 1972, juntamente com "Águas de Março". Um disco que apesar de ter sido lançado sem a aprovação de Elis, visto que a cantora devia à gravadora dezesseis fonogramas, sendo este o motivo principal do lançamento do disco, traz músicas incríveis do repertório de Elis que acabaram sendo descartadas por ela, como "Deixa O Mundo e o Sol Entrar", de Marcos & Paulo Sérgio Valle, "Noves Fora", de Fagner e Belchior, "Bonita", de Tom Jobim, "Credo", de Milton Nascimento e Fernando Brandt, e "Dinorah, Dinorah", de Ivan Lins e Vitor Martins. Um disco muito bom, que mostra que mesmo as músicas de Elis consideradas como "sobras" pela cantora se revelam para o público como obras-primas de sua interpretação brilhante e seu talento incomparável. Fica aqui a memória desta que considero a maior cantora que o Brasil já teve, que deixou muitas saudades e um vazio na música que nunca será preenchido. Viva Elis!

1 - Noves Fora
2 - Violeta de Belfort Roxo
3 - Ou Bola ou Búlica
4 - Credo
5 - Dinorah, Dinorah
6 - Joana Francesa
7 - Bodas de Prata
8 - Entrudo
9 - Valsa Rancho
10 - Bonita

domingo, 4 de março de 2012

1981 - Almanaque - Chico Buarque

Oi pessoal! Neste domingo, trago mais um disco do cantor e compositor Chico Buarque. Um dos mais conhecidos e populares nomes da MPB, Chico Buarque iniciou sua carreira como compositor com as músicas "Canção dos Olhos", de 1961, e com "Pedro Pedreiro" e "Sonho de Um Carnaval" de 1965, sendo esta última inscrita no I Festival Nacional da Música Popular Brasileira, promovido pela Tv Excelsior no mesmo ano. Nos anos seguintes, tornou-se "unanimidade nacional", como uma vez escreveu Millôr Fernandes, ao participar e classificar músicas nos festivais promovidos pela Tv Record nos anos seguintes: "A Banda", com Nara Leão, 1º lugar do II Festival de MPB de 1966; "Roda Viva", com o grupo MPB-4, 3º lugar do III Festival de MPB de 1967; "Carolina", interpretado por Cynara e Cybele, 3º lugar do II Festival Internacional da Canção de 1967; "Bom Tempo", 2º lugar na I Bienal do Samba de 1968; "Benvinda", 1º lugar pelo júri popular no IV Festival de MPB de 1968; e "Sabiá", de Chico e Tom Jobim, interpretada por Cynara e Cybele, 1º lugar do III FIC, também de 1968. Sob ameaça do Regime Miltar, se exila na Itália em 1969, onde se apresentou pela Europa ao lado de Toquinho. Na Itália, tornou-se amigo do cantor Lucio Dalla, com quem compôs a música "Minha História" e em sua viagem pela França, Chico compõe "Samba de Orly". Aqui no Brasil, suas músicas "Cálice" e "Apesar de Você" foram censuradas e proibidas pelo regime, o que o forçou a criar o pseudônimo Julinho da Adelaide, de forma que suas músicas passassem pela censura, como aconteceu com "Milagre Brasileiro", "Jorge Maravilha" e "Acorda Amor". De volta ao Brasil, compôs as músicas "Partido Alto" e "Construção", tema do disco lançado por Chico em 1971 e que traz além de "Construção" as músicas "Samba de Orly", "Deus Lhe Pague" e "Minha História". Nesta época, apresentou-se pelo Brasil com Maria Bethânia e Caetano Veloso, originando um disco gravado ao vivo em 1972. No ano seguinte, Chico escreve a peça"Calabar: o Elogio da Traição", que mostra a traição de Domingos Fernandes Calabar por escolher os holandeses à Coroa Portuguesa na época em que Portugal estava empenhado em expulsar os holandeses das terras da colônia. A peça foi censurada pelo regime em 1974, o que lhe rendeu o disco com o nome de "Chico Canta" ao invés do título oficial. A peça só seria remontada seis anos depois. Nos anos seguintes, lança o disco "Sinal Fechado" (1974), "Chico Buarque e Maria Bethânia ao Vivo" (1975) e, em 1976, escreve uma carta em forma de música dirigida ao diretor teatral Augusto Boal, que se encontrava exilado em Portugal, sob o nome de "Meu Caro Amigo", lançada no disco "Meus Caros Amigos", de 1976, que traz também as músicas "Mulheres de Atenas" e "O Que Será (A Flor da Pele)". Em 1978 lança o disco "Chico Buarque", com as músicas "Apesar de Você" e "Cálice", e, no ano seguinte, escreve a peça "Ópera do Malandro", baseada na "Ópera dos Mendigos" (1728), de John Gay, e em "Ópera de Três Vinténs" (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill. Em 1980, Chico lança o disco "Vida", com destaque para a música "Morena de Angola", e em 1981, lança o disco tema da postagem de hoje, "Almanaque". Neste disco, destacam-se as músicas "Moto-Contínuo", "Almanaque", "O Meu Guri", "Ela É Dançarina", "Tanto Amar", "A Voz do Dono e o Dono da Voz", "Amor Barato" e "As Vitrines". Um disco fantástico, com uma atmosfera meio mágica, com músicas que não são tão divulgadas e conhecidas de Chico, mas que mostram todo o talento e a característica marcante de Chico em transformar temas do cotidiano em letras sensacionais, e letras e composições, em verdadeiras obras-primas.

1 - As Vitrines
2 - Ela É Dançarina
3 - O Meu Guri
4 - A Voz do Dono e o Dono da Voz
5 - Almanaque
6 - Tanto Amar
7 - Angélica
9 - Amor Barato