domingo, 24 de junho de 2012

1988 - Reminiscências Juninas

Oi pessoal! Neste dia de São João, nada melhor que um disco recheado de músicas típicas das festas juninas de antigamente. Lançado pela gravadora Moto Discos em 1988, este disco traz preciosidades da música brasileira, nas vozes dos maiores cantores das décadas de 1930, 1940 e 1950 de nossa música popular. Dentre as cantoras, temos Aracy de Almeida, a intérprete ideal dos sambas de Noel Rosa, segundo o próprio compositor, com seu estilo único, sua voz inconfundível, nas músicas "Santo Antônio, São Pedro e São João" e "Pedindo a São João", gravadas originalmente em um velho 78 rpm de 1935. Zezé Fonseca, cantora de radionovelas de muito sucesso nas décadas de 1930 e 1940, é lembrada pelas músicas "Retalho de Felicidade" e "São João Há de Sorrir", ambas gravadas em 1936 pela RCA Victor. As irmãs Dircinha e Linda Batista, as primeiras Rainhas do Rádio, que por décadas foram as principais cantoras de música popular, não foram esquecidas nesta coletânea, sendo relembradas nas músicas "O Meu Sonho Foi Balão", gravada por Dircinha ainda em 1935, e "São João no Barro Preto", gravada por Linda Batista em 1944. O trio As 3 Marias é representada pela música "São João", gravada em 1943, quando o grupo, formado em 1942, ainda tinha a primeira formação, com as cantoras Marília Batista, Solomé Cotelli e Bidu Reis. Finalmente, a última das cantoras lembradas neste disco, temos a eterna Pequena Notável, Carmen Miranda, com um dos seus inúmeros sucessos, a música "Chegou a Hora da Fogueira", gravada em 1933 ao lado do cantor Mário Reis, um dos maiores da época do rádio, também lembrado na música "Pra Meu São João, de 1934. O cantor e compositor paulista Raul Torres, por sua vez, também é homenageado com a música "Eu Sou Festeiro", de Raul Torres e João Pacífico, gravada originalmente em 1938. Finalmente, temos o Chico Viola, o Rei da Voz, o eterno Francisco Alves, lembrado e homenageado com as músicas "Pula a Fogueira", sucesso de 1936, "Olhando o Céu Todo Enfeitado", "Mais Um Balão" e "Sobe Meu Balão", todas de 1935. Como o disco trata-se de uma coletânea, nada mais justo que homenagear a música típica das festas juninas com estas interpretações antológicas de alguns dos maiores nomes da música brasileira da primeira metade do século XX. Um disco excelente, uma coletânea que traz o melhor da música das festas juninas, já incorporadas em nossa cultura brasileira.

1 - Santo Antônio, São Pedro e São João - Aracy de Almeida
2 - Pula a Fogueira - Francisco Alves
3 - Pra Meu São João - Mário Reis
4 - Retalho de Felicidade - Zezé Fonseca
5 - O Meu Sonho Foi Balão - Dircinha Batista
6 - São João - As 3 Marias
7 - Eu Sou Festeiro - Raul Torres
8 - Olhando o Céu Todo Enfeitado - Francisco Alves
9 - São João Há de Sorrir - Zezé Fonseca
10 - Chegou a Hora da Fogueira - Carmen Miranda
11 - Mais Um Balão - Francisco Alves
12 - Pedindo a São João - Aracy de Almeida
13 - Sobe Meu Balão - Francisco Alves
14 - São João no Barro Preto - Linda Batista

terça-feira, 19 de junho de 2012

1962 - Os Velhinhos Transviados

Oi pessoal! Nesta terça-feira, trago um disco fantástico de um grupo pouco conhecido e lembrado atualmente. O grupo, formado no início dos anos 1960, teve como principal líder e mentor o compositor e maestro Zé Menezes, alcunha de José Menezes de França, que ao juntar-se a outros músicos experientes, criou o grupo intitulado de "Os Velhinhos Transviados". Por mais de dez anos, o grupo dedicou-se a sátiras e paródias de sucessos nacionais e internacionais, onde o próprio maestro complementa dizendo que eles "tocavam música antiga de forma moderna e música moderna de forma antiga, sempre se divertindo muito". Abusavam do humor, principalmente nas capas dos discos e as músicas, sempre alegres e curiosas. Na contra-capa do primeiro disco do grupo, tema da postagem de hoje, com o título de "Os Velhinhos Transviados" e lançado originalmente em 1962, temos uma breve descrição do grupo e uma explicação do disco. Segue o texto abaixo:

"Atenção! Muita Atenção! Abram caminho que aí vêm eles – OS VELHINHOS TRANSVIADOS!

Encarapitados em aerodinâmica lambreta, último tipo, estes joviais macróbios, após despertarem de um letárgico sono no mundo musical, onde há decênios atrás, constituíam com sua banda a atração dos salões de baile e das reuniões festivas, logo compreenderam que não podiam “ficar para trás” e trataram de se modernizar. E o fizeram de maneira radical, audaciosa!

Tomando por assessor técnico e “leader” uma autoridade em assuntos musicais da atualidade, no tocante ao que existe de mais novo e revolucionário em matéria de ritmo, os Velhinhos decidiram espanar a poeira dos seus antigos, mas afinados instrumentos e seguir à risca as instruções do mestre José Meneses.

E num excesso de confiança em suas possibilidades, fizeram sua “rentrée” no cenário musical gravando uma série de execuções em que desponta como gênero principal o internacionalmente contagiante ritmo do cha-cha-cha, utilizando páginas dos velhos tempos e dos dias que corre.

Mas, apesar de seu louvável esforço de se atualizarem completamente, seus instrumentos não deixam de revelar a época em que o fantástico (fantástico mesmo) conjunto teve origem – os velhos e deliciosos bons tempos…"

Neste disco, lançado originalmente pela RCA Victor em 1962, destacam-se as marchinhas "Nós Os Carecas", "Pierrô Apaixonado", e "Diz Que Tem", além de "Las Secretarias", "Samba Toff", "Chuá, Chuá", "Trabalhar Eu Não", "Fica Comigo Esta Noite", "Estão Batendo", j"Bossa Nova" e "Patrícia". Um disco fantástico, que mostra e resgata o talento dos Velhinhos que marcaram a música brasileira nos anos 1960 e que, com bom humor, trouxe grandes sucessos nacionais e internacionais sob um novo enfoque musical. Um trabalho sensacional deste grupo que, infelizmente, não é mais lembrado como deveria pelo público, pela história de nossa música brasileira.

1 - Las Secretarias
2 - Nós Os Carecas
3 - Pierrô Apaixonado
4 - Patrícia
5 - Fica Comigo Esta Noite
6 - Chuá, Chuá
7 - Bossa Nova
8 - Donga Brincando
9 - Samba Toff
10 - Trabalhar Eu Não
11 - Estão Batendo
12 - Diz Que Tem

domingo, 10 de junho de 2012

1978 - Álibi - Maria Bethânia

Oi pessoal! Neste domingo, posto aqui no Blog mais um disco da baiana da Santo Amaro da Purificação, Maria Bethânia. Dona de um talento sem igual, uma voz marcante e interpretações que se tornaram marcas da música brasileira, Maria Bethânia surgiu no cenário musical em 1963, atuando na peça "Boca de Ouro", de autoria de Nelson Rodrigues e músicas do irmão, Caetano Veloso. Conheceu nesta época em Salvador nomes como Tom Zé, Gal Costa e Gilberto Gil, com quem se apresentou nas comemorações da Inauguração do Teatro Vila Velha no ano seguinte, nos shows "Nós, Por Exemplo" e "Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova". Ainda em 1964, apresentou seu primeiro show solo, "Mora Na Filosofia", onde conheceu Nara Leão que a convidou, no ano seguinte, para substituí-la na peça "Opinião", encenada no teatro Opinião, no Rio, com direção musical de Danilo Caymmi e direção geral de Augusto Boal. Dividindo o palco com Zé Ketti e João do Vale, Maria Bethânia alcançou o primeiro grande sucesso na interpretação marcante, profunda, linda, de "Carcará", alcançando reconhecimento nacional. Seu primeiro disco, gravado ainda em 1965, foi um compacto com as músicas "Carcará" e "É de Manhã", seguido pelo lançamento de dois compactos duplos, sendo um deles em homenagem a Noel Rosa ("Maria Bethânia Canta Noel Rosa"), e seu primeiro LP, "Maria Bethânia". No ano seguinte, assinou um contrato de seis meses com a Tv Record, dividindo nesse mesmo ano o palco do Teatro Opinião com Vinicius de Moraes e Gilberto Gil, no espetáculo "Pois É", com roteiro de Capinam, Torquato Neto e Caetano Veloso. No I Festival Internacional da Canção, realizado pela Tv Globo em 1966, Maria Bethânia defendeu a canção de Gilberto Gil e Caetano Veloso, "Beira-Mar", não se classificando entre as finalistas. Nos anos que se seguiram, Maria Bethânia se apresentou em diversos shows, lançando alguns discos de grande destaque, como os LP's "Edu & Bethânia" (1967), "Maria Bethânia" e "Maria Bethânia ao Vivo" (1968), "En La Fusa", gravado ao vivo ao lado de Toquinho e Vinicius na Boate La Fusa, Argentina, "A Tua Presença" e "Rosa dos Ventos" (1971). Em 1972, participou do filme "Quando o Carnaval Chegar", ao lado de Chico Buarque e Nara Leão, continuando durante os anos seguintes a realizar shows e gravar discos históricos, como "Chico Buarque e Maria Bethânia" (1975), "Doces Bárbaros", ao vivo, e "Pássaro Proibido" (1976), até chegar no disco tema da postagem de hoje, "Álibi", de 1978. Pra mim, um dos melhores discos de estúdio de Maria Bethânia, com verdadeiras obras-primas de sua interpretação, como "Álibi", de Djavan, "Ronda", de Paulo Vanzolini, "Negue", de Enzo de Almeida Passos e Adelino Moreira, sucesso de Nelson Gonçalves, e "Diamante Verdadeiro", de Caetano Veloso, além de "O Meu Amor", com a participação de Alcione, "Sonho Meu", com Gal Costa, e a interpretação incrível e emocionada de "Cálice", de Chico Buarque. O primeiro disco da carreira da cantora a alcançar 1 milhão de cópias vendidas, mostrando a importância e o reconhecimento do trabalho pelo público, num disco que mostra o talento de Maria Bethânia em sua jóia "Álibi".

1 - Diamante Verdadeiro
2 - Álibi
3 - O Meu Amor - com Alcione
4 - A Voz de Uma Pessoa Vitoriosa
5 - Ronda
6 - Explode Coração
7 - Negue
8 - Sonho Meu - com Gal Costa
9 - De Todas as Meneiras
10 - Cálice
11 - Interior

terça-feira, 5 de junho de 2012

1970 - Lotus - Baden Powell

Oi pessoal! Nesta terça-feira, posto aqui no Blog mais um disco do compositor, violonista e cantor Baden Powell, um dos maiores nomes de nossa música brasileira. Seu primeiro grande sucesso foi a canção "Samba Triste", composta em parceria com Billy Blanco e gravada por Lúcio Alves em 1956. Três anos mais tarde, lança pela Philips o LP "Apresentando Baden Powell e seu Violão", o primeiro de sua carreira, além de conhecer, na boate "Arpège", no Rio, o poetinha, Vinicius de Moraes, que se tornaria o principal parceiro em suas composições e sucessos, como "Samba em Prelúdio", "Mulher Carioca", "O Astronauta", "Samba da Bênção", "Deixa", "Berimbau", "Apêlo", "Bocochê" e a antológica, "Canto de Ossanha". Em 1960, Baden trabalha nos arranjos do disco de Alaíde Costa "Alaíde, Jóia Moderna", lançado pela RCA Victor e que traz ainda outra composição sua, "Samba de Nós Dois", em parceria com Billy Blanco. Durante a década de 1960, Baden fez diversas apresentações e viagens à Europa, sendo que, em 1965, no I Festival da Música Popular Brasileira promovido pela Tv Excelsior, alcançou o segundo lugar com a música "Valsa do Amor Que Não Vem", em parceria com Vinicius de Moraes, numa interpretação memorável de Elizeth Cardoso. No ano seguinte, participou do II Festival da MPB, desta vez promovido pela Tv Record, com a música vencedora do quarto lugar, "Cidade Vazia", na interpretação do ainda novato e desconhecido Milton Nascimento. Em 1968, Elis Regina levou o público da I Bienal do Samba a cantar junto a ganhadora "Lapinha", de Baden e Paulo César Pinheiro, parceria essa que conquistaria muito sucesso, principalmente com a gravação das canções "Aviso aos Navegantes", "Cai Dentro", "Samba do Perdão", "Falei e Disse" e "Vou Deitar e Rolar (Quaquaraquaquá)" por Elis Regina em seus LP's. Assim, chegamos ao disco tema da postagem de hoje, "Lotus", gravado ao vivo num programa de Tv francês e lançado em disco pelo selo Festival, contendo como destaque para as músicas "Nega do Cabelo Duro", "Aos Pés da Cruz", "Tristeza" e "Lotus". Um disco interessante, raro e que nos traz a genialidade de Baden Powell, cantando "Aos Pés da Cruz" ao estilo João Gilberto e "Nega do Cabelo Duro" como se fosse o próprio criador do samba, além dos acordes afinados e da musicalidade presentes nas seis canções do disco, deste que, sem dúvida, foi, é, e sempre será, um dos melhores compositores da história de nossa música brasileira.

1 - Pai
2 - Tristeza
3 - Round About Midnight
4 - Nega do Cabelo Duro
5 - Aos Pés da Cruz
6 - Lotus