domingo, 25 de novembro de 2012

1979 - Seu Último Show Gravado Ao Vivo - Adoniran Barbosa

Oi pessoal! Neste final de domingo, escolhi para homenagear um dos maiores gênios de nossa música brasileira, o paulista Adoniran Barbosa, que nos deixou há 30 anos, completados na última sexta-feira, 23 de novembro. Nascido na cidade de Valinhos em 6 de agosto de 1910, João Rubinato iniciou sua carreira artística em 1933 ao participar de um programa de calouros na antiga Rádio Cruzeiro do Sul, cantando o samba "Filosofia", de Noel Rosa. Segundo o próprio Adoniran, ele só foi aprovado neste programa porque o responsável pelo gongo estava dormindo na ocasião. Dois anos depois, sua primeira composição "Dona Boa" foi gravada por Raul Torres pela Columbia, além de que, neste mesmo ano, passa a usar o pseudônimo de Adoniran Barbosa, que marcaria sua vida e carreira artística, em homenagem ao amigo Adoniran Alves e ao cantor e compositor Luiz Barbosa. Entre os anos de 1935 e 1940, trabalhou na Rádio Cruzeiro do Sul como cantor e animador de programa, até que em 1941 foi levado à Rádio Record por convite de Otávio Gabus Mendes para fazer radioteatro.Em 1943, o grupo "Demônios da Garoa" foi formado, onde Adoniran permaneceu atuando com o grupo animando torcidas em jogos de futebol pelo interior paulista. Participou de dois filmes, ainda na década de 1940 - "Pif Paf" (1945) e "Caídos do Céu" (1946) - e, em 1951, Adoniran gravou seu primeiro disco, pela Continental, contendo as músicas "Os Mimosos 'colibri'", de Hervé Cordovil e Osvaldo Moles, e "Saudade da Maloca", de sua própria autoria. Ainda no mesmo ano, o samba "Malvina", de sua autoria, foi premiado no Carnaval, sendo gravado pelos "Demônios da Garoa" pelo selo Elite Especial. No ano seguinte, também pela Continental, Adoniran grava dois de seus maiores sucessos: o famoso "Samba do Arnesto", de sua autoria com Alocin - em homenagem ao amigo Ernesto Paulelli, morador do bairro da Móoca (não no Brás, como diz a música), que diz que nunca deu um "bolo" em Adoniran e que, interrogado a respeito do motivo da música conter este fato, o compositor respondeu assim "ora, Arnesto, se não tivesse mancada, não tinha samba!" - e o samba "Joga a Chave", de sua autoria com Osvaldo França. Em 1955, o grupo dos "Demônios da Garoa" gravaram um disco contendo "Saudosa Maloca" e "Samba do Arnesto", onde alcançaram enorme sucesso ao apresentá-las no programa de Manoel de Nóbrega na Rádio Nacional, trazendo por conseqüência ao compositor, enorme prestígio e reconhecimento. Durante os anos seguintes, a popularidade e o prestígio de Adoniran só foram aumentando, com as gravações dos seus sambas "As Mariposa" (1955), "Um Samba no Bixiga" (1956), "Iracema" (1956), "Bom Dia, Tristeza" (1956), em parceria com Vinicius de Moraes, "Pafunça" (1958), "Tiro Ao Álvaro" (1960), entre tantos outros. Sua carreira e seu sucesso só aumentou durante a década de 1960, chegando até ter uma música de sua autoria com Osvaldo Moles, "Mulher, Patrão e Cachaça", defendida na I Bienal do Samba pelos "Demônios da Garoa", realizada em 1968 pela Tv Record, que mesmo não classificada, deu origem a um compacto gravado na ocasião. Na década de 1970, gravou dois discos antológicos, com 12 sambas de sua autoria cada, que até hoje representam um dos melhores registros musicais do compositor. Em 1977, apresentou-se no Teatro 13 de Maio, no Bixiga, ao lado de Cartola, Nelson Cavaquinho, Zé Kétti, Mário Lago e Carlos Cachaça, num encontro histórico para o samba e a música brasileira. Finalmente, em 10 de março de 1979, teve seu último show gravado ao vivo, ao lado do Grupo Talismã, no Teatro Cabaré, em São Paulo, registrado em disco apenas em 1990 pela RGE. E este disco, tema da postagem de hoje, traz um Adoniran já debilitado pela idade (podemos identificar pela sua voz já cansada e fraca), mas que traz ainda suas piadas, sua irreverência, seu jeito inconfundível de ser, falando que só ia cantar se o público pedisse "Canta, meu amor!". Além dos seus sambas já consagrados, como "Trem das Onze", "As Mariposa", "Um Samba No Bixiga", "Samba do Arnesto", "Iracema" e "Samba do Metrô", temos como destaque as inéditas "Viaduto Santa Ifigênia", "Rua dos Gusmões" e "Despejo Na Favela". Um disco interessante, gostoso de ouvir, que traz o registro inédito de um show na íntegra de Adoniran, mostrando suas músicas, seus sucessos e seu jeito único de se apresentar e de fazer a platéia rir e se divertir. E, mesmo após 30 anos, sua música continua sendo atual, caracterizada como um retrato da cidade de São Paulo e sua gente, seus costumes, suas histórias. Um dos maiores e melhores compositores de sambas de nossa música brasileira, que assumiu a "terra da garoa" como pano de fundo às suas criações maravilhosas, atemporais e inesquecíveis.

1 - Abertura / Trem das Onze (Adoniran Barbosa)
2 - Já Fui Uma Brasa (Adoniran Barbosa / Marcos Cesar)
3 - As Mariposa (Adoniran Barbosa)
4 - Um Samba No Bixiga (Adoniran Barbosa)
5 - Samba Italiano (Adoniran Barbosa)
6 - Bom Dia, Tristeza (Adoniran Barbosa / Vinicius de Moraes)
7 - Apaga o Fogo Mané (Adoniran Barbosa)
8 - Samba do Arnesto (Adoniran Barbosa / Alocin)
9 - Despejo Na Favela (Adoniran Barbosa)
10 - Uma Simples Margarida (Samba do Metrô) (Adoniran Barbosa)
11 - Viaduto Santa Ifigênia (Adoniran Barbosa / Alocin)
12 - Iracema (Adoniran Barbosa)
13 - Rua dos Gusmões (Adoniran Barbosa)

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

1969 - Carmélia Alves

Oi pessoal! Nesta sexta-feira, emenda de feriado, posto aqui no Blog uma homenagem à nossa querida Rainha do Baião, Carmélia Alves, que nos deixou no último dia 3 de novembro, aos 89 anos. Consagrada como uma das maiores cantoras da década de 1950, vivia desde 2010 no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro, sofria do mal de Alzheimer e, segundo seu irmão Noel Alves, também lutava contra um câncer. Sua carreira teve início nos anos 1940, cantando músicas do repertório de Carmen Miranda no programa "Picolino", a convite de Barbosa Júnior. Em 1941, foi contratada como crooner do Copacabana Palace para se apresentar no programa "Ritmos da Panair", transmitido ao vivo pela Rádio Nacional. Nesta época, foi convidado por César Ladeira, diretor da Rádio Mayrink iaVeiga, a substituir a estrela Carmen Miranda, que havia se mudado definitivamente para os Estados Unidos, cantando músicas do repertório de Carmen a uma soma de 800 mil-réis por mês. Em 1943, grava seu primeiro disco, o qual teve que financiar com parte de suas economias, contando com grande ajuda do amigo Benedito Lacerda, com as músicas "Quem Dorme No Ponto É Chofer", de Horondino Silva e Popeye do Pandeiro, e o samba "Deixei de Sofrer". Nos anos seguintes, excursionou pelo Brasil apresentando-se em diversas cidades do país, voltando ao Rio em 1948 e retomando seu lugar na Rádio Mayrink Veiga. No outro ano, Carmélia gravou ao lado de Ivon Curi a toada "Me Leva", de Hervê Cordovil e Rochinha, tornando-se seu primeiro grande sucesso, além de "Gauchita", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e "Trepa No Coqueiro", de Lauro Maia e Humberto Teixeira, sendo este último um dos maiores sucessos da carreira da cantora. Durante a década de 1950, sua carreira entrou em verdadeira ascensão, com a gravação de sucessos que marcariam definitivamente sua história na música brasileira, como "Sabiá Na Gaiola" (1950), de Luís Bandeira, "Adeus, Maria Fulô" (1951), de Humberto Teixeira e Sivuca, dentre muitos outros. Em 1952, ingressa no cinema, participando do filme "Tudo Azul", de Moacyr Fenelon, cantando "Dança da Muléstia", de Humberto Teixeira e Felícia Godoy. Ao longo de sua carreira, participa de inúmeros filmes, como "Está Com Tudo" (1952), "Agulha no Paieiro" (1953), "Carnaval em Lá Maior" (1955), "A Pensão da Dona Estela" (1956), "Estão Voltando as Flores" (2001), entre outros. Nesta época, Carmélia ganhou o título de Rainha do Baião, cuja côrte era composta pelo Rei, Luiz Gonzaga, e pelos príncipes, Luiz Vieira e Claudette Soares. Em 1956, pela gravadora Copacabana, Carmélia lança o disco "Carmélia Alves" (relançado pelo selo Beverly, em 1969), com os principais sucessos de sua carreira, como "Sabiá Na Gaiola", "Pé de Manacá", "Esta Noite Serenou", "Baião Vai...Baião Vem", "Cabeça Inchada", "Adeus, Adeus, Morena" e "Eh! Boi", todas de Hervé Cordovil e seus parceiros, além de "Paraíba", "Asa Branca", "Baião de Dois", "Qui Nem Jiló", e "No Meu Pé de Serra", todas de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Este, na minha opinião, é sem dúvida um dos melhores discos da carreira de Carmélia, que traz os principais sucessos da carreira, baiões que trazem a alegria, o talento e a marca de uma das maiores cantoras brasileiras, carioca de nascimento, mas nordestina de coração. Sua morte foi uma das maiores perdas que a música brasileira sofreu nos últimos anos, visto que Carmélia é uma das remanescentes deste tempo, desta música, que encantou toda uma geração de cantores que fizeram do rádio o principal veículo de manifestação artística musical da época, que levou aos quatro cantos do país o que a nossa música produzia de melhor. Fica aqui registrada uma homenagem à Carmélia Alves e a todos àqueles que deram sua vida e emprestaram seu talento para fazer da música brasileira uma das mais ricas e mais completas expressões artísticas de um povo, de todo o povo brasileiro.

1 - Pé de Manacá (Hervé Cordovil / Mariza Pinto Coelho)
2 - Esta Noite Serenou (Hervé Cordovil)
3 - Sabiá Na Gaiola (Hervé Cordovil / Mario Vieira)
4 - Eh! Boi (Hervé Cordovil)
5 - Cabeça Inchada (Hervé Cordovil)
6 - Baião Vai...Baião Vem (Hervé Cordovil)
7 - Adeus, Adeus, Morena (Hervé Cordovil / Manezinho Araújo)
8 - O Trem Chegou (Hervé Cordovil)
9 - Esquinado (Hervé Cordovil)
10 - No Meu Pé de Serra (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
11 - Estrada do Canindé (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
12 - Paraíba (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
13 - Asa Branca (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
14 - Qui Nem Jiló (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
15 - Juazeiro (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
16 - Baião de Dois (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
17 - Assum Preto (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)

sábado, 3 de novembro de 2012

1962 - Canção Que Inspirou Você - Cauby Peixoto

Oi pessoal! Neste sábado, posto aqui no Blog mais um disco de Cauby Peixoto, um dos cantores mais admirados e reverenciados do Brasil, com mais de 60 anos de carreira e ainda hoje em plena atividade. Seu início de carreira remonta o início dos anos 1950, apresentando-se em programas de calouros (como o "Hora dos Comerciários", da Rádio Tupi) e em diversas boates do Rio de Janeiro e São Paulo. Em 1951, gravou seu primeiro disco pelo selo Carnaval, com as músicas "Saia Branca", de Geraldo Medeiros, e "Ai, Que Carestia!", de Victor Simon e LizMonteiro e, dois anos depois, gravou mais dois discos, desta vez pela Todamérica, com as músicas "Tudo Lembra Você", de Marvel, Strachey, Link e Mário Donato, "O Teu Beijo", de Silvio Donato, "Ando Sozinho", de Hélio Ramos e R. G. de Melo Pinto, e "Aula de Amor", de Poly e José Caravaggi, com o acompanhamento de Poly e seu conjunto, assinando em seguida contrato com a gravadora Columbia. Em 1954, Cauby fez grande sucesso com a música "Blue Gardenia", de B. Russel e L. Lee, vs. de Antonio Carlos, música tema de filme de Hollywood, de mesmo nome, lançado no mesmo ano. A partir da gravação desta música, a carreira de Cauby deu um grande salto, tornando-se um dos maiores ídolos do rádio nacional, além de ser convidado a participar do cast dos principais artistas da Rádio Nacional, sendo perseguido por fãs onde quer que fosse. Em algumas vezes, teve sua roupa rasgada por fãs enlouquecidas, servindo de marketing pessoal, segundo seu empresário Di Veras na época. No ano seguinte, a consagração veio com o lançamento do seu primeiro LP, "Blue Gardenia", pela Columbia, que além da faixa-título trouxe ainda os sucessos de "Triste Melodia", de Di Veras e Chocolate, "Final de Amor", de Cidinho e Haroldo Barbosa, "Um Sorriso e um Olhar", de Di Veras e Carlos Lima, e "Sem Porém Nem Porque", de Renato César e Nazareno de Brito. Ainda neste ano de 1955, foi escolhido pelo crítico Silvio Túlio Cardoso, através da coluna "Discos Populares" do jornal "O Globo" como o melhor cantor do ano, ganhando um disco de ouro entregue em cerimônia especial em pleno Copacabana Palace. No ano seguinte, grava dois LP's, sendo que em "Você, A Música E Cauby", o cantor lança a música de maior sucesso em sua carreira, música obrigatória em todos os seus shows até hoje: "Conceição", de Jair Amorim e Dunga. Em 1957, grava mais dois discos long-play: o primeiro, "Ouvindo Cauby", com destaque para "Nada Além", de Custódio Mesquita e Mário Lago, "Chora Cavaquinho", de Dunga, "As Pastorinhas", de João de Barro e Noel Rosa, e "Na Aldeia", de Chocolate, Silvio Caldas e Carusinho, e o segundo, "Prece de Amor", com músicas oriundas de discos anteriores avulsos de 78 RPM. Nos anos finais da década de 1950, Cauby continuou gravando discos e sucessos, com destaque para a versão em inglês de "Maracangalha", de Dorival Caymmi, com o título de "I Go", numa turnê pelos Estados Unidos. Em 1960, Cauby lançou o disco "O Sucesso Na Voz de Cauby Peixoto", com sucessos já consagrados como "A Felicidade", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, além de outras músicas maravilhosas do repertório de Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Em 1961, além do lançamento dos discos "Perdão Para Dois" e "Cauby Canta Novos Sucessos", o cantor é agraciado, juntamente com Elizete Cardoso com o prêmio "Soberanos do Disco de 1961" pelo jornal "O Globo". Finalmente, em 1962, temos o lançamento do disco "Canção Que Inspirou Você", tema da postagem de hoje. Neste disco, um dos melhores de Cauby (pelo menos na minha opinião), destacam-se as músicas "Samba do Avião", de Tom Jobim, "Menino Triste", de Gracindo Jr. e Rildo Hora, "Pot-Pourri - Sorri (Charles Chaplin, J. Turner e G. Parsons - vrs. de Nazareno de Brito) / Lembrança (C. Martinez Gil e S. Costa Almeida) / Perfídia (Alberto Domingues - vrs. Lamartine Babo), "Canção Que Inspirou Você", de Toso Gomes e Antônio Correa, "Belo Horizonte Poema de Amor", de Édson Macedo, "Vou Brigar com Ela", de Lupicínio Rodrigues, "Balada do Trumpete", de Francisco Pisano e Ricardo Reis, "Poema de Luz", de Maria Helena Toledo e Nelsinho, e "A Vida Continua", de Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Um disco completo, com interpretações belíssimas (como em "Menino Triste" e "Samba do Avião") e com músicas que fazem de Cauby Peixoto um verdadeiro gênio da música brasileira, cuja obra e cujo talento certamente perpetuarão na história de nossa música e nossa cultura popular.

1 - Balada do Trumpete
2 - Vida Minha
3 - Samba do Avião
4 - Quem Foi
5 - Fim
6 - Pot-Pourri - Sorri / Lembrança / Perfídia
7 - Belo Horizonte Poema de Amor
8 - A Vida Continua
9 - Canção Que Inspirou Você
10 - Menino Triste
11 - Vou Brigar com Ela
12 - Poema de Luz