domingo, 10 de novembro de 2013

2013 - Vanessa da Mata Canta Tom Jobim

Oi pessoal! Neste domingo ensolarado de novembro, trago aqui no Blog da Música Brasileira um dos melhores discos do ano, em que a cantora matogrossense Vanessa da Mata homenageia o eterno maestro Tom Jobim. Gravado em julho pela Sony Music, o disco traz 16 das 23 músicas da turnê "Nívea Viva Tom Jobim", em que a cantora percorreu o Brasil divulgando a obra e a genialidade deste grande compositor, músico e pianista carioca. Quanto à cantora, Vanessa da Mata nasceu em Alto Garças (MT) e, aos 14 anos, deixou sua cidade natal para se dedicar ao vestibular de medicina e à música. Já em Uberlândia, no ano seguinte, Vanessa faz sua estreia em bares da cidade mineira, cantando um repertório variado que ia de Reggae a MPB. Em 1992, Vanessa deixa Minas e se muda para São Paulo, para ser integrante do grupo feminino Shalla-Bal, este dedicado à música Reggae. Três anos mais tarde, Vanessa integra a banda jamaicana Black Uhuru e o grupo de ritmos regionais Mafuá. Em 1997, Vanessa conhece o cantor Chico César, com quem começa a compor. Uma das suas composições ao lado de Chico César, "A Força Que Nunca Seca" se transformou na primeira grande expressão musical do talento de Vanessa, ao ser escolhida por Maria Bethânia a fazer parte do seu disco gravado em 1999, o qual levou como título a música de Vanessa e Chico. No ano seguinte, a também baiana Daniela Mercury lança o disco "Sol da Liberdade", o qual traz a primeira composição solo de Vanessa, "Viagem". Em 2001, Maria Bethânia lança em seu disco "Maricotinha" a segunda música de seu repertório com a composição de Vanessa da Mata, "O Canto de Dona Sinhá", que conta com a participação de Chico Buarque na versão ao vivo. Neste mesmo ano, Vanessa estreia a parceria com a mineira Ana Carolina, com a música "Me Sento Na Rua", incluída no disco "Ana Rita Joana Iracema e Carolina". Em 2002, Vanessa lança seu primeiro disco pela gravadora Sony BMG, "Vanessa da Mata", o qual alcança grande repercussão com as músicas "Nossa Canção" (Luiz Ayrão) e "Onde Ir" (Vanessa da Mata), integrantes das trilhas sonoras das novelas "Celebridade" e "Esperança", respectivamente. Dois anos depois, Vanessa lança seu segundo disco, "Essa Boneca Tem Manual", sendo este muito bem recebido pela crítica e que trouxe os sucessos de "Ainda Bem" e "Ai ai ai", ambas de Liminha e Vanessa da Mata, "História de Uma Gata", de Chico Buarque, Luis Enriquez Bacalov e Sergio Bardotti, e "Não Chore Homem", da própria autora. Em 2006, a cantora recebe o Prêmio Multishow de Melhor Música com "Ai ai ai", onde a música torna-se a música nacional executada nas rádios e o disco "Essa Boneca Tem Manual" rende à cantora seu primeiro disco de platina. No ano seguinte, Vanessa lança seu terceiro disco, "Sim", o qual trouxe mais um grande sucesso de sua carreira, "Boa Sorte", composta e gravada com o músico estadunidense Ben Harper. Em 2008, Vanessa conquista o Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro e o seu segundo Prêmio Multishow de Melhor Música, desta vez com "Boa Sorte". Em 2010, Vanessa lança seu terceiro álbum de estúdio, "Bicicletas, Bolos e Outas Alegrias", que trouxe como destaque as músicas "O Tal Casal", "As Palavras (trilha sonora da novela Morde & Assopra) e "Quando Amanhecer", em parceria com Gilberto Gil. No carnaval de 2012, Vanessa entra na Sapucaí pela Portela homenageando a cantora Clara Nunes, num desfile em homenagem à Bahia. Em fevereiro de 2013, foi confirmada que a segunda edição do projeto Nívea Viva homenagearia o maestro Antonio Carlos Jobim e que a escolhida para cantar as canções de Tom seria Vanessa da Mata. Assim, no primeiro semestre, Vanessa realizou uma turnê por seis capitais brasileiras, com shows gratuitos, divulgando a obra e o talento do mestre Tom Jobim. Em julho, foi lançado o disco com as principais músicas da turnê, o qual é o tema da postagem de hoje. Trata-se de um disco simples, mas genial. Traz uma cantora que mergulhou neste mundo musical criado por Tom Jobim e que conseguiu extrair na essência o que o maestro gostava tanto em sua obra: o Brasil. O Brasil do amor, da natureza, da alegria. E a Vanessa soube muito bem mostrar a todos o seu imenso talento, com a responsabilidade de cantar e encantar a todos com a magia de Tom Jobim. E conseguiu com este disco reunir, sob sua interpretação belíssima, 16 grandes clássicos da música de Tom Jobim. É claro, ficaram de fora inúmeros sucessos do maestro, como "Águas de Março", "Luiza", "Chega de Saudade" (em parceria com Vinicius de Moraes), "Ela É Carioca" (em parceria com Vinicius e Gilbert), entre tantos outros. Mas mesmo assim, o disco é incrível, um registro inesquecível que a matogrossense Vanessa da Mata deixou de sua releitura à obra do eterno maestro Antonio Carlos Jobim.  


1- Caminhos Cruzados (Antonio Carlos Jobim / Newton Mendonça)
2 - Fotografia (Antonio Carlos Jobim)
3 - Só Danço Samba (Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes)
4 - Este Seu Olhar (Antonio Carlos Jobim)
5 - Chovendo Na Roseira (Antonio Carlos Jobim)
6 - Por Causa de Você (Antonio Carlos Jobim / Dolores Duran)
7 - Eu Sei Que Vou Te Amar (Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes)
8 - Desafinado (Antonio Carlos Jobim / Newton Mendonça)
9 - Sabiá (Antonio Carlos Jobim / Chico Buarque)
10 - Dindi (Antonio Carlos Jobim / Aloysio de Oliveira)
11 - Wave (Antonio Carlos Jobim)
12 - Só Tinha de Ser Com Você (Antonio Carlos Jobim)
13 - Falando de Amor (Antonio Carlos Jobim)
14 - Samba de Uma Nota Só (Antonio Carlos Jobim / Newton Mendonça)
15 - Correnteza (Antonio Carlos Jobim / Luiz Bonfá)
16 - Estrada do Sol (Antonio Carlos Jobim / Dolores Duran)

domingo, 27 de outubro de 2013

1969 - Vinicius em Portugal

Oi pessoal! Neste último domingo de outubro, presto uma homenagem a um dos maiores nomes da música e da poesia brasileira. Afinal, se estivesse vivo, nosso querido "poetinha" teria completado no último dia 19 deste mês, 100 anos de vida, boemia e muitas histórias. Nascido no Rio de Janeiro do início do século XX, Vinicius ainda na escola começou a se interessar pela poesia, compondo seus primeiros versos. Aos 14 anos, junto com os amigos Tapajós (os irmãos Paulo, Haroldo e Oswaldo), Vinicius compõe suas primeiras canções, se apresentando com mais alguns amigos da escola em festinhas. Dois anos mais tarde, torna-se bacharel em Letras, entrando para a faculdade de Direito no ano seguinte. Em 1932, Vinicius publica seu primeiro poema, "A Transfiguração da Montanha", na revista "A Ordem", além de ter suas primeiras canções gravadas em disco ("Loura ou Morena" e "Canção da Noite") pelos Irmãos Tapajós, pela gravadora Columbia. No ano seguinte, por incentivo do amigo Otávio de Faria, lança pela editora Schimidt seu primeiro livro de poemas, "O Caminho para a Distância". Em 1933, lança o livro "Forma e Exegese", pela editora Irmãos Pongetti, o qual é elogiado pela crítica, além de receber o prêmio Filipe d'Oliveira e receber comentários positivos do já consagrado poeta Manuel Bandeira. Cinco anos mais tarde, lança seu quarto livro, "Novos Poemas", desta vez pela editora José Olympio, sendo novamente elogiado pela crítica e consolidado como um dos poetas da chamada "Geração de 30". Em 1939, com o início da II Guerra Mundial, Vinicius volta ao Brasil e, esperando o navio no porto de Estoril, escreve um dos poemas mais conhecidos de sua autoria, "Soneto de Fidelidade". Em 1941, inicia os estudos para ingressar na carreira diplomática, também escrevendo para o jornal "A Manhã" como crítico cinematográfico. Dois anos mais tarde, publica pela Irmãos Pongetti seu quinto livro, "Cinco Elegias", que conta com a colaboração de Manuel Bandeira, Aníbal Machado e Otávio de Faria. Em 1946, Vinicius enfim conquista o posto de vice-cônsul em Los Angeles, transferindo-se com a família para os Estados Unidos. No início da década de 1950, retorna ao Brasil, trabalhando no jornal "A Última Hora" como cronista e crítico de cinema. Em 1954, sua peça "Orfeu da Conceição" é premiada no concurso de teatro do IV Centenário da Cidade de São Paulo, além de lançar no Brasil sua "Antologia Poética", pela editora "A Noite". Dois anos mais tarde, inicia no Brasil as encenações de sua peça "Orfeu da Conceição" e, em 1957, é transferido para a embaixada brasileira de Montevidéu, lançando neste período no Brasil seu "Livro de Sonetos". Nos anos seguintes, sua parceria com Tom Jobim é levada aos quatro cantos do mundo após a explosão da Bossa Nova, movimento este que teria como pilar central a música de Tom e Vinicius. No início da década de 1960, Vinicius se lança na música brasileira, com novos parceiros musicais como Carlos Lyra, Edu Lobo, Baden Powell, Francis Hime, entre outros, lançando seu primeiro disco solo "Vinicius", pela gravadora Elenco. Em 1965, do I Festival Nacional de Música Popular Brasileira, promovido pela Tv Excelsior, Vinicius recebe o primeiro lugar com "Arrastão", composta com Edu Lobo, após a interpretação bombástica de Elis Regina, e o segundo lugar com "Valsa do Amor Que Não Vem", composta com Baden Powell, na interpretação emocionada de Elizeth Cardoso. No ano seguinte, Vinicius lança pelo selo Forma o antológico disco "Os Afro-sambas", com o amigo Baden Powell, misturando a música do poeta, o violão do parceiro e a influência dos ritmos do candomblé. Em 1968, Vinicius perde sua mãe, dona Lydia de Moraes e, após a instauração do AI*5 pelo então presidente Costa e Silva, perde também seu cargo no Itamaraty. No ano seguinte, dedica-se a shows que levaram o poeta a Salvador, Montevidéu e Lisboa. E em Lisboa, em plena livraria Quadrante, Vinicius realiza um recital de poesia, o qual é gravado e lançado no Brasil no final de 1969, pelo selo Festa, disco este que é tema da postagem de hoje. Deste disco recheado de poemas, destaco "A Uma Mulher", "Soneto a Katherine Mansfield", o qual inspirou o poeta Manuel Bandeira a compor uma série de sonetos que há muito não o fazia, "O Desespero da Piedade", "Soneto de Intimidade", "Quarto Soneto de Meditação" e "Ternura". Um recital interessante, que nos traz um pouco do poeta Vinicius em suas várias fases, desde seu primeiro livro, "O Caminho para a Distância", em que o próprio poeta o define como "imaturo, mas bem saudado pela crítica, onde o poeta se encontra nos seus mais verdes anos", até seus últimos trabalhos poéticos. Este recital consiste numa antologia, realizada pelo próprio poeta, e que traz aos que não conheceram a boêmia de Vinicius, o próprio autor declamando suas obras, com sua voz, seu sentimento. Um documento único, que leva à posteridade a preciosidade da obra, selecionada pelo próprio Vinicius, do poeta, diplomata, cineasta e compositor brasileiro, que se estivesse vivo, completaria neste mês um século de alegria, boemia e, é claro, muita poesia.

1 - A Uma Mulher
2 - A Volta da Mulher Morena
3 - Soneto de Intimidade
4 - Soneto a Katherine Mansfield
5 - Ternura
6 - O Falso Mendigo
7 - O Desespero da Piedade
8 - Quarto Soneto de Meditação
9 - Cântico
10 - Sob o Trópico de Câncer

domingo, 6 de outubro de 2013

1964 - Tudo de Mim - Nelson Gonçalves

Oi pessoal! Nesta sexta-feira, trago aqui no Blog mais um disco do gaúcho Nelson Gonçalves. Dono de uma voz única, característica, Nelson Gonçalves se mudou ainda criança para São Paulo, trabalhando na adolescência de engraxate, jornaleiro, mecânico, polidor, tamanqueiro e lutador de boxe, tornando-se aos dezesseis anos campeão paulista, na categoria peso-médio. Mesmo sendo gago (o que lhe originou o apelido "metralha"), Nelson insistiu no sonho de ser cantor, mudando-se para o Rio de Janeiro em 1939 em busca deste sonho. Já no Rio, participou de inúmeros programas de calouros, sendo até aconselhado por Ary Barroso a desistir de seu sonho, diante das reprovações. Em 1941, após quase dois anos de tentativas sem sucesso, conseguiu gravar seu primeiro disco, pela Victor, sendo este 78RPM bem recebido pelo público e pela crítica. Nesta época, foi convidado a ser crooner Casino Copacabana (estabelecido no Hotel Copacabana Palace), assinando um contrato com a Rádio Mayrink Veiga e iniciando uma carreira de sucesso no rádio, inspirando-se nos já consagrados Francisco Alves e Orlando Silva. Durante as décadas de 1940 e 1950 grava inúmeros sucessos, como "A Última Seresta" (Adelino Moreira / Sebastião Santana), "Maria Bethânia" (Capiba), "Caminhemos" (Herivelto Martins), "Meu Vício É Você" (Adelino Moreira) e "A Volta do Boêmio" (Adelino Moreira), esta última considerada o seu maior sucesso e que lhe conferiu a alcunha de "Boêmio". Em 1952, casa-se com Lourdinha Bittencourt, substituta de Dalva de Oliveira no célebre Trio de Ouro, ficando juntos até 1959. Nesta época, o cantor se envolve com as drogas, fato este que quase levou ao final de sua carreira e sua vida, chegando a ser preso em flagrante, em meados de 1965. Com o apoio da família e amigos, deu a volta por cima, retomou sua brilhante carreira de sucesso e reconquistou o público que há tanto o admirava. Este disco, por sua vez, embora tenha sido lançado nesta fase triste da vida de Nelson, traz em seu repertório verdadeiras jóias musicais, com destaque especial para "Risque", imortalizada por Linda Batista, "Cadeira Vazia", uma das mais conhecidas letras de Lupicínio Rodrigues, "Dora", composição do mais baiano dos compositores, Dorival Caymmi, "Folha Morta" e "Ave Maria", grandes sucessos na voz de Dalva de Oliveira, "Da Cor do Pecado", "Tudo de Mim", que dá nome ao disco, "Cabelos Brancos", registrada em disco de Silvio Caldas, com mesmo nome, "Nossa Comédia" e "A Mesma Rosa Amarela". Um disco interessante, pela história e importância que cada uma das faixas representa para a história de nossa música brasileira, interpretadas pelo Rei do Rádio, uma das maiores vozes que o Brasil já teve e tem orgulho de se lembrar, ouvir e se emocionar: o eterno Nelson Gonçalves.

01 – Risque (Ary Barroso)
02 – Da Cor do Pecado (Bororó)
03 – Tudo de Mim (Evaldo Gouveia / Jair Amorim)
04 – Nossa Comédia (Custódio Mesquita / Evaldo Ruy)
05 – Cadeira Vazia (Lupicínio Rodrigues / Alcides Gonçalves)
06 – Dora (Dorival Caymmi)
07 – Folha Morta (Ary Barroso)
08 – Cabelos Brancos (Herivelto Martins / Marino Pinto)
09 – Ave Maria (Vicente Paiva / Jayme Redondo)
10 – Sinto-me Bem (Ataulfo Alves)
11 – Noite Cheia De Estrelas (Cândido das Neves)
12 – A Mesma Rosa Amarela (Capiba e Carlos Pena Filho)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

1958 - Cabelos Brancos - Silvio Caldas

Oi pessoal! Nesta segunda-feira, trago aqui no Blog mais uma preciosidade de nossa música brasileira, desta vez um disco do cantor e compositor carioca Silvio Caldas. Desde criança, Silvio Caldas teve contato com a música, mas o início de sua carreira profissional remonta o final da década de 1920, cantando em programas de rádio. Somente no início dos anos 30, com a gravação de "Faceira" (1931), "Maria" (1932) e "Segure Esta Mulher" (1933), todas de autoria do compositor Ary Barroso, é que vieram seus primeiros sucessos e o reconhecimento do público. Em 1934, Silvio Caldas iniciou com Orestes Barbosa uma parceria que lhes renderia inúmeros sucessos, com destaque para "Chão de Estrelas" (1937), o maior sucesso da carreira do cantor, cuja gravação original foi realizada pela Odeon, num velho 78 RPM, em que o lado A apresentava a canção "Arranha-Céu", também de autoria da dupla. No mesmo ano, Silvio lançou outro grande sucesso de sua carreira, a marcha "As Pastorinhas", de Noel Rosa e João de Barro. No início da década de 1940, o cantor gravou "Mulher", de Custódio Mesquita e Sadi Cabral, a qual alcançou algum sucesso, além das regravações de "Aquarela do Brasil" e "Na Baixa do Sapateiro", ambas de Ary Barroso, realizadas dois anos depois. Em 1943, gravou pela Continental a primeira canção da gravadora, "Mágoas de um Trovador", de J. Cascata e Manezinho Araújo. Ainda na década de 1940, participou de filmes de José Carlos Burle, como "Tristezas Não Pagam Dívidas" e "Luz dos Meus Olhos", além de "Não Adianta Chorar", de Watson Macedo. Em 1951, é lançado seu primeiro LP pelo selo Musicolor, "Com a Saudade Pelo Braço", com 14 músicas lançadas em velhos discos 78 RPM em anos anteriores. Durante a década de 1950, Silvio grava mais alguns discos, como "Saudades" (1952), "Música de Ary Barroso - Canta Silvio Caldas" (1953), "Silvio Caldas Canta" (1955), "Canta o Seresteiro" (1956), "Silvio Caldas" (1956), "Serenata" (1957) e "Cabelos Brancos" (1958), que é o tema da postagem de hoje. Deste disco, lançado originalmente pela gravadora Columbia, merecem destaque as músicas "Foi Uma Pedra Que Rolou", "Serra da Boa Esperança" - clássico da música de Francisco Alves" -, "Cabelos Brancos", a qual dá nome ao Long-Play, "Uma Jura Que Fiz", "Quando o Samba Acabou", "Pistom de Gafieira" e "Compromisso Com a Saudade". Um disco muito bom, com músicas de alta qualidade e refino musical, interpretadas por ninguém menos que o "caboclinho querido", o eterno seresteiro Silvio Caldas.

01 – Cabelos Brancos (Marino Pinto / Herivelto Martins)
02 – Foi Uma Pedra Que Rolou (Pedro Caetano)
03 – Saudade de Você (Silvio Caldas / Billy Blanco)
04 – Uma Jura Que Fiz (Ismael Silva / Noel Rosa)
05 – Chuvas de Verão (Fernando Lobo)
06 – Serra da Boa Esperança (Lamartine Babo)
07 – Compromisso Com a Saudade (Billy Blanco)
08 – Talento Não Tem Idade (Ataulfo Alves)
09 – Reverso (Marino Pinto / Gilberto Milfont)
10 – Pistom de Gafieira (Billy Blanco)
11 – Pastora dos Olhos Castanhos (Alberto Ribeiro / Horondino Silva “Dino”)
12 – Quando o Samba Acabou (Noel Rosa)

terça-feira, 6 de agosto de 2013

1969 - Aracy de Almeida

Oi pessoal! Nesta terça-feira, posto aqui no Blog um disco em homenagem à cantora carioca Aracy de Almeida. Considerada a maior intérprete de Noel Rosa pelo próprio compositor e pela crítica, Aracy iniciou sua carreira aos 19 anos, cantando profissionalmente sambas na Rádio Educadora do Rio de Janeiro. Em 1934, gravou seu primeiro disco pela Columbia, com a marchinha "Em Plena Folia", de Julieta de Oliveira, além de gravar pela primeira vez Noel, com a canção "Riso de Criança". Um ano mais tarde, assinou contrato com a Rádio Cruzeiro do Sul, passando a fazer parte do coro do elenco da gravadora. Neste ano, dentre as músicas que gravou pela RCA Victor, destacam-se os sambas "Triste Cuíca", de Noel Rosa e Hervê Cordovil e "Pedindo a São João", de Herivelto Martins e Darci de Oliveira. Em 1936, o samba "Palpite Infeliz", de Noel Rosa, tornou-se o primeiro sucesso da cantora, que se tornaria uma das maiores cantoras da história da música brasileira e, consequentemente, da era de ouro do rádio nacional. No ano seguinte, Aracy gravou com Castro Barbosa os sambas "Eu e Você" e "Helena", ambas de Raul Marques e Ernâni Silva; de Noel Rosa, os sambas "Eu Sei Sofrer" e "O Maior Castigo Que Eu Te Dou"; e o sucesso "Tenha Pena de Mim", de Ciro de Souza e Babaú, uma das músicas mais importantes na sua carreira. Nesta época, transferiu-se para a Rádio Nacional. Em 1938, Aracy gravou com Lamartine Babo as marchas "Vaca Amarela", de Lamartine e Carlos Neto, e "Esquina da Sorte", de Lamartine e Hervê Cordovil, além dos sambas "Último Desejo", "Século do Progresso" e "Rapaz Folgado", todas de autoria de Noel. Já em 1939, Aracy grava outro grande sucesso de sua carreira, "Camisa Amarela", desta vez de autoria de Ary Barroso. No início da década de 1940, Aracy passou por vários programas musicais de rádio, como no Programa Casé, da Rádio Philips, onde cantava em dupla com Silvio Caldas, além de gravar mais um sucesso de sua carreira, "Fez Bobagem", de Assis Valente. Durante a década de 1940, sua popularidade e seus sambas ganharam grande destaque na música, sendo considerada uma das maiores cantoras do rádio na época. E justamente desta fase é que se trata este disco, tema da postagem de hoje. Lançado em 1969 pelo selo Imperial, este disco traz uma coletânea dos principais sucessos de Aracy desta época marcante de sua carreira, com sambas que até hoje são lembrados pelo grande público. Dentre estes, destacam-se "Saia do Caminho", "Nasci Para Bailar", "Quando Esse Nego Chega", "Parabéns Para Você", "Carta Esquecida", "Ele Não Sabe Dançar" e "Desde Ontem". Apesar de ser lembrada apenas como a júri polêmica do Programa Silvio Santos pelo grande público, Aracy de Almeida é uma das melhores e maiores cantoras de sambas de nossa música, com sambas inesquecíveis e músicas que marcaram o início de nossa história musical brasileira, devendo sempre ser lembrada e referenciada por aqueles que, como eu, gostam de ouvir uma boa música genuinamente brasileira.

1 - Saia do Caminho (Custódio Mesquita / Evaldo Ruy) - 1946
2 - Nasci Para Bailar (Joel de Almeida / Tasiro / Vrs. Fernando Lobo) - 1948
3 - Desde Ontem (Fernando Lobo) - 1949
4 - João Ninguém (Noel Rosa) - 1949
5 - Carta Esquecida (Mario Amorim) - 1946
6 - Parabéns para Você (Roberto Martins / Wilson Batista) - 1945
7 - Franqueza (Newton Teixeira / Valdemar Gomes) - 1946
8 - Diagnóstico (Wilson Batista / Germano Augusto) - 1943
9 - Memórias de Torcedor (Geraldo Gomes / Wilson Batista) - 1946
10 - Distância (Fernando Lobo) - 1948
11 - Quando Esse Nego Chega (Haroldo Barbosa) - 1948
12 - Ele Não Sabe Dançar (Alcebíades Nogueira / Cristóvão Alencar) - 1945

Este disco pode ser buscado em https://parallelrealitiesstudio.wordpress.com/2011/03/28/ara%D1%81%D1%83-d%D0%B5-alm%D0%B5id%D0%B0-78-rpm/

quinta-feira, 25 de julho de 2013

1970 - Miltinho e a Seresta

Oi pessoal! Depois de mais de dois meses de ausência, retomo as postagens no Blog da Música Brasileira, trazendo ao público curiosidades, histórias, grandes sucessos e nomes que marcaram a história de nossa música. E, como primeira postagem deste mês de julho, o blog homenageia o cantor  carioca Miltinho, um dos grandes nomes da música brasileira, embora hoje esteja esquecido pelo público e pela mídia em geral. Dono de uma voz belíssima e um talento sem igual, Miltinho iniciou sua carreira ainda na década de 1940, participando de diversos grupos musicais, como Cancioneiros do Luar, Anjos do Inferno, Namorados da Lua e Quatro Ases e Um Curinga. Durante a década de 1950, Miltinho foi crooner da Orquestra Tabajara, de Severino Araújo, e do grupo Milionários do Ritmo, de Djalma Ferreira, até que em 1960, decidiu seguir carreira solo, lançando o disco "Um Novo Astro", pelo selo Sideral, alcançando grande sucesso, especialmente com o lançamento de "Mulher de Trinta", de Luiz Antônio, uma das principais músicas de seu extenso repertório. Ainda neste ano, lançou o disco "O Diploma do Astro", que trazia o sucesso de "Não Emplaca 61", de Ari Monteiro e Monsueto. Em 1961, Miltinho se transfere para a RGE, onde grava no ano seguinte a música "Palhaçada", de Luiz Reis e Haroldo Barbosa, tornando-se outra música marcante em sua carreira. De 1961 a 1965, período em que gravou pela RGE, Miltinho lançou mais de 12 discos (dentre eles, seu primeiro disco gravado ao vivo), e inúmeros sucessos, como "Estou Só", "Canção do Nosso Amor" e "Lembranças", ambas de Benil Santos e Raul Sampaio, "Mulata Assanhada", de Ataulfo Alves, "Zé da Conceição", de João Roberto Kelly, "Poema do Olhar", de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, dentre outros. Em 1966, transferiu-se para a Odeon, gravando nos anos seguintes três discos de enorme sucesso com a cantora Elza Soares, da série "Elza, Miltinho & Samba". Durante o período em que esteve na gravadora Odeon, Miltinho lançou o disco "Miltinho e a Seresta", tema da postagem de hoje, onde merecem destaque as músicas "No Rancho Fundo", "Malandrinha" (um dos grandes sucessos de Francisco Alves), "Três Apitos" (um dos grandes sucessos de Aracy de Almeida), "Deusa da Minha Rua" (um dos grandes sucessos de Silvio Caldas), "Foi Ela", "Queixumes", "Arranha-Céu" e "Modinha". Um disco fantástico, que mostra o talento de Miltinho na interpretação de serestas inesquecíveis de nossa música brasileira.

1 - No Rancho Fundo (Ary Barroso / Lamartine Babo)
2 - Malandrinha (Freire Júnior)
3 - Queixumes (Henrique Brito / Noel Rosa)
4 - Três Apitos (Noel Rosa)
5 - Deusa da Minha Rua (Jorge Faraj / Newton Mendonça)
6 - Se Tu Soubesses (George Moran / Cristóvão de Alencar)
7 - Última Inspiração (Peterpan)
8 - Foi Ela (Ary Barroso)
9 - Modinha (Sergio Bittencourt)
10 - Arranha-Céu (Silvio Caldas / Orestes Barbosa)
11 - Boneca (Aldo Cabral / Benedito Lacerda)
12 - Quem Há de Dizer (Alcides Gonçalves / Lupicínio Rodrigues)

sábado, 4 de maio de 2013

1970 - Falou e Disse - Elizeth Cardoso

Oi pessoal! Neste sábado, trago aqui no Blog mais um disco da cantora carioca Elizeth Cardoso. Dona de um talento sem igual, ficou eternizada como a "Divina" intérprete de choros, sambas-canção e bossa nova. Sua carreira teve início ainda na infância, cantando para as crianças da vizinhança os sucessos de Vicente Celestino até que, em 1936, a um convite de Jacob do Bandolim, se apresentou pela primeira vez na Rádio Guanabara, cantando ao lado de cantores consagrados na época, como o próprio Vicente Celestino, Noel Rosa, Marília Batista, Aracy de Almeida, entre outros. Contratada pela rádio uma semana depois de sua primeira apresentação, Elizeth continuou sua carreira cantando em boates nas noites cariocas, chegando a crooner de orquestras no início de da década 1940. Em 1945, Elizeth se mudou para São Paulo para cantar no Salão Verde do Edifício Martinelli e se apresentar na Rádio Cruzeiro do Sul, no programa "Pescando Humoristas". De volta ao Rio de Janeiro em 1948, Elizeth foi contratada pela Rádio Mauá para atuar no programa "Alvorada da Alegria", sendo recontratada em seguida pela Rádio Guanabara. No ano seguinte, por intermédio de Ataulfo Alves, grava seu primeiro disco pela Star, contendo as músicas "Braços Vazios", de Acir Alves e Edgar G. Alves, e "Mensageiro da Saudade", de Ataulfo Alves e José Batista. Seu primeiro sucesso veio em 1950 com "Canção de Amor", de Chocolate e Elano de Paula, no segundo disco da carreira de Elizeth, desta vez gravado pela Todamérica, e que continha também a música "Complexo", de Wilson Batista. Com o sucesso de "Canção de Amor", recebeu o convite para ir para a Rádio Tupi, chegando a se apresentar na recém-criada Tv Tupi em 1951, além de participar do seu primeiro filme, "Coração Materno", dirigido por Gilda Abreu, cantando "Canção de Amor". Durante a primeira metade da década de 1950, continuou a gravar inúmeras músicas e grandes sucessos, lançando em 1955 seu primeiro long-play - "Canções à Meia-Luz" - pela Continental - e, em 1956, participando do filme "Carnaval em Lá Maior", de Adhemar Gonzaga. Nos anos seguintes, lançou os LP's "Fim de Noite" (1956), "Música e Poesia de Fernando Lobo" (1957), "Noturno" (1957), "Naturalmente" (1958) e "Retrato da Noite" (1958), todos pela gravadora Copacabana, a qual acompanharia a cantora por mais de 20 anos de carreira e sucessos. Em 1958, Elizeth grava pelo selo Festa um dos discos mais emblemáticos e antológicos da música brasileira, "Canção do Amor Demais", com músicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, transformando-se um dos marcos iniciais do movimento Bossa Nova, que revolucionou a música da época. Nos anos seguintes, gravou os discos "Magnífica" (1959) e "A Meiga Elizeth" (1960), além de gravar para o filme "Orfeu do Carnaval", de Marcel Camus, as músicas "Manhã de Carnaval" e "Samba de Orfeu". Em 1960, estreou na Tv Continental o programa "Nossa Elizeth", ao lado do compositor e violonista Baden Powell e, em 1965, estreou seu programa "Bossaudade", na Tv Record, que esteve no ar durante dois anos. Durante a primeira metade da década de 1960, gravou inúmeros sucessos, registrando-os em discos memoráveis de sua carreira, com destaque para "A Meiga Elizeth Nº 2" (1961), "Elizeth Interpreta Vinicius" (1963) e "Elizeth Sobe O Morro" (1965). Em 1965, defendeu no I Festival de MPB, promovido pela Tv Excelsior, a música "Valsa do Amor Que Não Veam", de Baden Powell e Vinicius de Moraes, obtendo o segundo lugar. Nos anos seguintes, sua carreira se volta aos sambas e aos discos gravados ao vivo, até que em 1970, Elizeth grava mais um disco de estúdio pela Copacabana, "Falou E Disse", tema da postagem de hoje. Embora não apresente nenhum grande sucesso da carreira de Elizeth, este disco traz como destaque as músicas "É de Lei", "Aviso aos Navegantes", "A Flor de Laranjeira", "Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida", "Refém da Solidão", "Carta de Poeta" e "Tudo OK", além de "Corrente de Aço" e "Você Foi Um Atraso Em Meu Caminho". Um disco excelente que, embora não esteja entre os principais e mais conhecidos da carreira da cantora, traz a interpretação marcante da "divina", doze músicas selecionadas de seu extenso repertório de mais de 40 LP's gravados no Brasil.

1 - É de Lei (Baden Powell / Paulo César Pinheiro)
2 - Corrente de Aço (João Nogueira)
3 - Você Foi Um Atraso Em Meu Caminho (Picolino / Jair Costa)
4 - Lua Aberta (Paulo Frederico / João de Aquino)
5 - Tudo OK (Maurício Tapajós / Hermínio Bello de Carvalho)
6 - Refém da Solidão (Baden Powell / Paulo César Pinheiro)
7 - Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida (Paulinho da Viola)
8 - Degraus da Vida (Nelson Cavaquinho / César Brasil / Antônio Braga)
9 - Aviso aos Navegantes (Baden Powell / Paulo César Pinheiro)
10 - Camisa Branca (Elton Medeiros / Otávio de Moraes)
11 - Carta de Poeta (Baden Powell / Paulo César Pinheiro)
12 - A Flor de Laranjeira (Humberto de Carvalho / Zé Pretinho da Bahia / Bernardino Silva)

Este disco pode ser buscado em https://parallelrealitiesstudio.wordpress.com/2012/10/19/elizeth-cardoso-falou-e-disse-1970/

sábado, 27 de abril de 2013

1981 - De Baden para Vinicius

Oi pessoal! Neste sábado, posto aqui no Blog mais um disco do famoso "Badeco", um dos maiores violonistas e compositores brasileiros de todos os tempos. De fama internacional e detentor de grande prestígio na música brasileira, Baden Powell começou a tocar violão ainda aos sete anos de idade, até que aos 15 anos (com autorização do Juizado de Menores) começou a tocar profissionalmente em boates nas noites cariocas. Aos 18 anos, integrou o trio do pianista Ed Lincoln, tocando jazz na boate Plaza, em Copacabana. Um ano mais tarde, já no ano de 1956, compôs seu primeiro grande sucesso, "Samba Triste", em parceria com o compositor Billy Blanco, sendo que a canção só seria gravada três anos depois, pelo cantor Lúcio Alves. Em 1959, Baden grava seu primeiro disco - "Apresentando Baden Powell e seu Violão" - pela Philips, conhecendo nesta época o também compositor Vinicius de Moraes, com quem estabeleceria uma amizade de longos anos, da qual lhes rendeu inúmeros sucessos. No ano seguinte, foi convidado para trabalhar no arranjo do disco "Jóia Moderna", que estava sendo gravado por Alaíde Costa pela RCA Victor, onde a composição "Samba de Nós Dois" (em parceria com Billy Blanco) foi incluída entre as 12 faixas do disco. Em 1961, Baden Powell lançou o seu segundo long-play pela Philips, "Um Violão Na Madrugada", e, no ano seguinte, compôs com o poetinha Vinicius inúmeras canções, dentre as quais se destacam "Samba Em Prelúdio" e "Deixa". Durante a década de 1960, participou dos grandes festivais de música, conquistando o 2º lugar no I Festival de Música Popular Brasileira, promovido pela Excelsior em 1965, com a música "A Valsa do Amor Que Não Vem" (em parceria com Vinicius), interpretada por Elizeth Cardoso, além de um 4º lugar no II Festival de MPB, promovido pela Tv Record no ano seguinte, com "Cidade Vazia" (em parceria com Lula Freire), no qual revelou ao público Milton Nascimento, e um 1º lugar na I Bienal do Samba, também promovida pela Tv Record em 1968, com a música "Lapinha" (em parceria com Paulo César Pinheiro), defendida por Elis Regina. Durante as décadas de 1960 e 1970, Baden excursionou pelo mundo, internacionalizando sua carreira e levando ao mundo o melhor que a música brasileira podia oferecer através de suas canções e seu violão. No início da década 1980, com a morte do grande poetinha Vinicius de Moraes, Baden grava em sua homenagem um disco pela WEA internacional (nesta época vivia na Alemanha) em homenagem ao grande amigo, sendo este disco o tema da postagem de hoje. Lançado no início de 1981, o disco (gravado ao vivo) traz grandes sucessos da dupla Baden & Vinicius, como "Deixa", "Formosa", "Samba Em Prelúdio", "Apêlo" e "Tempo Feliz", além de "Feitinha Pro Poeta" (esta de Baden em parceria com Lula Freire), todas na voz do próprio Baden (embora a arte de cantar não seja o seu ponto forte), e a versão instrumental da antológica "Se Todos Fossem Iguais A Você", tocada ao estilo próprio do violonista. Um disco interessante, histórico, que guarda esta homenagem póstuma ao poetinha, trazendo na rara interpretação vocal do amigo e parceiro Baden Powell as músicas que a dupla consagrou em nossa história musical brasileira.

1 - Velho Amigo (Baden Powell / Vinicius de Moraes) / Bom Dia, Amigo (Baden Powell / Vinicius de Moraes) / Samba Em Prelúdio (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
2 - Feitinha Pro Poeta (Baden Powell / Lula Freire)
3 - Se Todos Fossem Iguais A Você (Tom Jobim / Vinicius de Moraes)
4 - Tempo Feliz (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
5 - O Poeta e a Lua (Vinicius de Moraes) / Serenata do Adeus (Vinicius de Moraes)
6 - Apêlo (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
7 - Além do Amor (Baden Powell / Vinicius de Moraes) / Deixa (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
8 - Formosa (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
9 - Samba da Bênção (Baden Powell / Vinicius de Moraes)

quinta-feira, 18 de abril de 2013

1971 - Um Violão em Primeiro Plano - Rosinha de Valença

Oi pessoal! Nesta quinta-feira, trago aqui no Blog uma artista ainda inédita por aqui. Embora hoje em dia não seja lembrada pela maioria do público, Rosinha de Valença (Maria Rosa Canelas) foi uma grande compositora, violonista e arranjadora brasileira, que se tornou referência no gênero à sua época. Sua carreira teve início em 1963, quando se mudou para o Rio de Janeiro e conheceu o escritor Sérgio Porto, o qual apresentou à recém-chegada à cidade maravilhosa o compositor e violonista Baden Powell, além do compositor e produtor Aloysio de Oliveira, sendo este último o responsável pela gravação do primeiro disco da carreira de Rosinha de Valença, pela Elenco, ainda no mesmo ano. Desde esta época, Sérgio Porto já definia a compositora como a "instrumentista que tocava por uma cidade inteira", ou seja, pela cidade natal da artista, Valença, no estado do Rio de Janeiro. Ainda nesta época, Rosinha de Valença se apresentou em uma temporada na boate carioca Bottle's, no badalado Beco das Garrafas, além de trabalhar nas noites cariocas ao lado de artistas como Eliana Pittman, Nara Leão, Quarteto em Cy, entre outros. Em 1965, foi convidada a participar do programa comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues, "O Fino da Bossa", no Teatro Paramount, em São Paulo, onde se apresentou ao lado de Baden Powell num encontro histórico, tocando juntos a música "Tristeza Em Mim" (Baden Powell), a qual foi gravada ao vivo e lançada em disco quase 30 anos depois no disco "No Fino da Bossa - Vol. 2". Ainda neste ano, Rosinha de Valença viajou para os Estados Unidos com Jorge Ben, Wanda Sá e o Sérgio Mendes Trio, composto pelo próprio Sérgio Mendes, Tião Neto e Chico Batera. O grupo se apresentou em inúmeros shows pelo país, chegando a gravar dois discos (mas sem a presença de Jorge Ben) e ser considerada como uma das maiores violonistas da época. No final deste ano de 1965, após o sucesso alcançado nos Estados Unidos, Canadá e México, a instrumentista excursionou por 24 países europeus e pelo Japão, recebendo uma bolsa da embaixada francesa para estudos no país. Em 1967, acompanhou a cantora Maria Bethânia no show "Comigo Me Desavim", considerado um dos melhores shows do ano. No ano seguinte, Rosinha de Valença viaja para mais algumas turnês internacionais, passando por países como Portugal, Israel, Suíça, Itália, Rússia e alguns países africanos, trabalhando com nomes internacionais da música como Stan Getz, Sarah Vaughan e Henry Mancini. Voltou para o Brasil em 1971, onde gravou o disco tema da postagem de hoje,"Um Violão em Primeiro Plano", lançado pela RCA Victor. Neste trabalho, merecem destaque as músicas "London, London", "Zanzibar", "Asa Branca", "Concierto de Aranjuez", "Tema Espanhol" e "Summertime", todas essencialmente instrumentais, mostrando o talento de Rosinha ao violão, além de "Mudei de Idéia", "Boi Ta-Tá", "De Conversa Em Conversa" (um dos maiores sucessos da carreira de Isaurinha Garcia), "O Samba da Minha Terra" e "Marinheiro". Um disco excelente, de música brasileira de alta qualidade, contagiante, que traz o melhor de Rosinha de Valença, que com seu violão nos brinda com mais esta preciosidade, pura e essencialmente brasileira.

1 - Asa Branca (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
2 - London, London (Caetano Veloso)
3 - Mudei de Idéia (Antonio Carlos / Jocafi)
4 - Zanzibar (Edu Lobo)
5 - Boi Ta-Tá (Messias dos Santos / Eugênio Malta)
6 - Marinheiro (Caetano Veloso)
7 - Summertime (Heyward / George Gershwin)
8 - De Conversa Em Conversa (Lúcio Alves / Haroldo Barbosa)
9 - One O'Clock Last Morning, 20th April 1970 (Gilberto Gil)
10 - O Samba da Minha Terra (Dorival Caymmi)
11 - Concierto de Aranjuez (Joaquim Rodrigo Vidre)
12 - Tema Espanhol (Rosinha de Valença)

quarta-feira, 10 de abril de 2013

1970 - Toquinho

Oi pessoal! Depois de quase dois meses de ausência, voltei à ativa postando mais um bom disco de nossa música brasileira, desta vez do grande compositor, violonista e cantor Toquinho. Dono de um talento ímpar em tocar violão, Toquinho iniciou sua carreira no início dos anos 1960, atuando como instrumentista no Teatro Paramount, em São Paulo, em shows produzidos pelo radialista, produtor e jornalista, Walter Silva. Três anos mais tarde, conheceu Chico Buarque - ainda desconhecido do grande público -, com quem compôs a canção "Lua Cheia", sendo a melodia do próprio Toquinho e a letra do parceiro Chico Buarque. Em 1964, Toquinho recebeu o convite para participar do espetáculo "Na Onda do Balanço", no Teatro Maria Della Costa (SP), com Taiguara, Thomas Lee (flautista) e o conjunto Manfred Fest Trio. Ainda neste ano, Toquinho gravou pela RGE seu primeiro disco, um compacto simples dedicado à Bossa Nova, contendo as músicas "Só Tinha de Ser Com Você" (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira) e "Vivo Sonhando" (Tom Jobim) / "Primavera" (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes). No ano seguinte, participou da direção do espetáculo "Liberdade, Liberdade", estrelado por Paulo Autran, Teresa Raquel, Oduvaldo Vianna Filho e a cantora Claudia, como também participou do show antológico "Esse Mundo É Meu", ao lado de Sérgio Ricardo e Marini, no teatro de Arena. Em 1966, Toquinho foi convidado pela Fermata para a gravação de seu primeiro long-play, "O Violão de Toquinho", totalmente dedicado à música instrumental, além de assinar contrato com a Tv Excelsior para o programa "Ensaio Geral", comandado por Gilberto Gil na época. Um ano mais tarde, Toquinho teve sua primeira composição gravada ("Lua Cheia"), no disco do parceiro Chico Buarque (Chico Buarque de Hollanda - Volume 2), lançado pela RGE. Em 1968, Toquinho participou do III Festival Internacional da Canção, promovido pela Tv Globo, com a sua música "Boca da Noite" (em parceria com Paulo Vanzolini), classificada em 8º lugar na fase nacional e defendida por Ivete e o Conjunto Canto 4. No ano seguinte, Toquinho viajou para a Itália, onde ficou por mais de seis meses. Lá, o cantor, compositor e violonista se apresentou ao lado de Chico Buarque numa turnê de mais de 45 apresentações, além de gravar um disco com músicas de Vinicius de Moraes em italiano. Finalmente, em 1970, antes mesmo de sua carreira mudar totalmente o rumo (visto que meses depois Toquinho seria convidado por Vinicius para participar de uma série de shows na boate "La Fusa", em Buenos Aires, ao lado da cantora Maria Creuza, dando origem à dupla Toquinho & Vinicius, que durou mais de dez anos de inúmeros sucessos e histórias), Toquinho lança pela RGE o disco "Toquinho", o qual é tema da postagem de hoje. Neste disco, Toquinho apresenta seu primeiro grande sucesso, "Que Maravilha", ao lado do parceiro Jorge Ben. Além deste grande sucesso, merecem destaque as músicas "Carolina Carol Bela", também gravada com a participação de Jorge Ben, "Zana" e "Na Água Negra da Lagoa", como também as instrumentais "Bachianinha Nº 1", esta com a participação de Paulinho Nogueira, "Tocando Pra Silvinha" e "La Barca". Um disco interessante, gostoso de ouvir, que mostra o talento incontestável de Toquinho, tão marcado e conhecido por sua "Aquarela" e sua parceria com o poetinha, que seus trabalhos individuais acabam sendo esquecidos pelo público em geral, o que é uma pena, pois estes trabalhos mostram a musicalidade de um dos maiores violonistas brasileiros de todos os tempos, que tem o dom de transformar pelas cordas de seu violão, composições e arranjos em verdadeiras jóias de nossa música brasileira.

1 - Na Água Negra da Lagoa (Toquinho)
2 - La Barca (Cantoral)   
3 - Tocando Pra Silvinha (Toquinho)
4 - Chuva Na Praia de Juquí (Toquinho)
5 - Que Maravilha (Jorge Ben / Toquinho) - com Jorge Ben
6 - Zana (Gianfrancesco Guarnieri / Jorge Ben / Toquinho)
7 - Bachianinha Nº 1 (Paulinho Nogueira) - com Paulinho Nogueira
8 - De Ontem Pra Hoje (Toquinho)
9 - Dobrando a Esquina (Dedé / Toquinho)
10 - Carolina Carol Bela (Jorge Ben / Toquinho) - com Jorge Ben
11 - Evocação a Jacob (Avena de Castro)

domingo, 17 de fevereiro de 2013

1972 - Ben - Jorge Ben

Oi pessoal! Neste domingo, depois quase um mês de ausência, trago aqui no Blog da Música Brasileira mais um disco do cantor e compositor carioca Jorge Ben (Jor), o qual tem uma carreira de mais de 50 anos repleta de sucessos. Jorge Ben iniciou sua carreira como pandeirista no conjunto Copa Trio, em 1961, se apresentando na boate Bottle's, no Beco das Garrafas (RJ), cantando músicas de sua própria autoria. Em 1963, Jorge Ben voltou a se apresentar no Bottle's com os Copa Cinco, além de participar das gravações do LP "Tudo Azul", do organista Zé Maria, atuando como "crooner" nas músicas "Por Causa de Você, Menina" e "Mas Que Nada", ambas de sua autoria, as quais alcançaram grande sucesso e repercussão nacional. Tanto que, ainda no mesmo ano, foi convidado a gravar pela Philips um 78 RPM contendo essas duas músicas, com acompanhamento dos Copa Cinco e com o enorme sucesso deste disco, gravou seu primeiro LP "Samba Esquema Novo", contendo além destas duas, "Chove, Chuva" (também de sua autoria), disco este que ultrapassou a marca de 100 mil cópias vendidas na época. No ano seguinte, lançou mais dois LP's de sucesso, "Sacundin Ben Samba" e "Ben É Samba Bom", viajando em 1965 aos Estados Unidos apresentando-se em clubes e universidades. Nesta época, participou do "Fino da Bossa" na Tv Record, além de ter suas músicas "Mas Que Nada", "Chove Chuva", "Zazueira" e "Nena Naná" gravadas por outros intérpretes nos Estados Unidos, alcançando grande sucesso e repercussão internacional. Ainda neste mesmo ano, gravou o disco "Big Ben", o qual lançou o sucesso de "Agora Ninguém Chora Mais". Dois anos depois, gravou o disco "O Bidu - Silêncio no Brooklin", e, em 1968, foi convidado a participar do programa "Divino Maravilhoso", apresentado por Caetano Veloso e Gilberto Gil na Tv Tupi. Em 1969, apresentou-se no IV Festival Internacional da Canção, promovido pela Tv Globo, com a música "Charles Anjo 45", a qual se tornou mais tarde um grande sucesso de Jorge Ben (embora não tenha sido classificada entre as três), sendo esta travada no LP "Jorge Ben" gravado no mesmo ano, que continha ainda os sucessos de "Take It Easy My Brother Charles", "Domingas", "Bebete Vãobora", "Crioula", "Que Pena" e "País Tropical", todas de sua autoria. No ano seguinte, participou do V Festival Internacional da Canção, também promovido pela Tv Globo, como autor da música "Eu Também Quero Mocotó", defendida por Erlon Chaves, a Banda Veneno e o Trio Mocotó, conquistando apenas o sexto lugar do festival. Ainda em 1970, Jorge Ben destacou-se no festival do Midem, em Cannes, com a música "Domingas", além de gravar o disco "Força Bruta", que trazia "O Telefone Tocou Novamente" e "Oba, Lá Vem Ela". No ano seguinte, lançou o disco "Negro É Lindo", o qual produzido por Paulinho Tapajós trouxe o sucesso "Que Maravilha", esta em parceria com o cantor e violonista Toquinho. Em 1972, realizou uma turnê internacional por Itália, Portugal e Japão, onde foi gravado um disco ao vivo. Neste mesmo ano, foi o ganhador do VII Festival Internacional da Canção, promovido pela Tv Globo, como autor da canção "Fio Maravilha", defendida de maneira antológica e inesquecível por Maria Alcina, num Maracanãzinho lotado. Ainda neste ano, Jorge Ben lança o nono LP da carreira, "Ben", também produzido por Paulinho Tapajós, e que é tema da postagem de hoje, o qual traz como destaque em seu repertório (todo de autoria de Jorge Ben) as músicas "Fio Maravilha", "Taj Mahal", "Caramba! Galileu da Galiléia", "O Circo Chegou", "Que Nega É Essa", "Paz E Arroz", "As Rosas Eram Todas Amarelas" e "Morre O Burro, Fica O Homem". Um disco muito gostoso de se ouvir, que na minha opinião é um dos melhores da carreira de Jorge Ben, o qual mostra toda a genialidade do compositor carioca como cantor e intérprete de seus sucessos, sucessos estes que se tornaram clássicos de nossa música brasileira. Um disco de alto nível musical, com a essência única de Jorge Ben em cantar, interpretar e, sobretudo, compor suas músicas, genuinamente brasileiras.

1 - Morre O Burro, Fica O Homem (Jorge Ben)
2 - O Circo Chegou (Jorge Ben)
3 - Paz E Arroz (Jorge Ben)
4 - Moça (Jorge Ben)
5 - Domingo 23 (Jorge Ben)
6 - Fio Maravilha (Jorge Ben)
7 - Quem Cochicha O Rabo Espicha (Jorge Ben)
8 - Caramba! Galileu da Galiléia (Jorge Ben)
9 - Que Nega É Essa (Jorge Ben)
10 - As Rosas Eram Todas Amarelas (Jorge Ben)
11 - Taj Mahal (Jorge Ben)

domingo, 27 de janeiro de 2013

1975 - Tamba Trio

Oi pessoal! Neste domingo, depois de duas semanas de ausência, posto aqui no Blog mais um disco de um grupo de músicos que revolucionou a música instrumental brasileira. Formado por Luiz Eça (piano, vocal e arranjos), Bebeto Castilho (flauta, sax, contrabaixo e vocal) e Hélcio Milito (bateria, percussão e vocal), o Tamba Trio iniciou sua carreira no início da década de 1960, com um estilo diferente, único, que a partir dos arranjos sofisticados de Luiz Eça, deixou para trás a imagem de que a música instrumental era utilizada somente para dançar ou para servir de música de fundo. A partir da formação deste grupo, a música instrumental passou a ser considerada como um estilo diferente, do qual fizeram parte mais tarde inúmeros outros grupos musicais, como Zimbo Trio, Quarteto Novo, Bossa Três, Sambossa 5, Sambrasa Trio, Samba Trio, dentre muitos outros. Nos primeiros anos de carreira do conjunto, o Tamba Trio lançou seus primeiros três LP's pela gravadora Philips, sendo "Tamba Trio" (1962) e "Avanço" (1963) totalmente dedicados aos sucessos e canções que embalaram a Bossa Nova, e "Tempo" (1964), primeiro disco do grupo dedicado às primeiras canções que deram origem à nova MPB. No final de 1964, Hélcio Milito foi substituído pelo baterista Rubens Ohana e, com esta nova formação, o grupo lançou os discos "Tamba Trio" (1965), "5 Na Bossa" (1965), com Edu Lobo e Nara Leão, e "Brasil Saluda a Mexico" (1966), todos também gravados pela Philips. Em 1967, em temporada pelos Estados Unidos, o grupo passa a atuar como Tamba 4, com a adesão do músico Dório Ferreira no contrabaixo, deixando, assim, Bebeto Castilho na flauta. Esta formação durou apenas dois discos, "We And The Sea" (1967) e "Samba Blim" (1968), ambos gravados nos Estados Unidos, pelo selo A&M Records. Em curta passagem pelo México, o grupo lança seu último disco "Tamba 4" (1969), com Laercio de Freitas no lugar de Luiz Eça ao piano. De volta ao Brasil, o grupo volta à sua formação inicial em 1971, gravando dois discos pela RCA Victor, antes de se desfazer em 1975: "Tamba Trio" (1974) e "Tamba Trio" (1975), sendo este último o tema da postagem de hoje. Com um repertório interessante, variado e contagiante, este disco traz como destaque as músicas "3 Horas da Manhã", "Ou Bola Ou Búlica", "Olha Maria", "Contra O Vento", "Visgo de Jaca" e "Chorinho Nº 1". E, entre as essencialmente instrumentais, temos "Sanguessuga", "Janelas", "Chamada" e "Beira-Mar", que nos levam à viajar neste universo mágico da música instrumental, que o Tamba Trio com todo o seu talento nos proporciona neste disco tão musical, tão instrumental, tão brasileiro.

1 - 3 Horas da Manhã (Waldemar Correira / Ivan Lins)
2 - Visgo de Jaca (Sergio Cabral / Rildo Hora)
3 - Ou Bola Ou Búlica (João Bosco / Aldir Blanc) - part. João Bosco
4 - Beira-Mar (Ivan Lins)
5 - Olha Maria (Amparo) (Tom Jobim)
6 - Chorinho Nº 1 (Durval Ferreira)
7 - Jogo da Vida (Danilo Caymmi / Sidney Miller)
8 - Sanguessuga (Toninho Horta / Fernando Brant)
9 - Janelas (Ronaldo Monteiro de Souza / Ivan Lins)
10 - Contra O Vento (Ana Borba / Danilo Caymmi)
11 - Beijo Partido (Toninho Horta)
12 - Chamada (Hélio Delmiro / Paulo César Pinheiro)

sábado, 12 de janeiro de 2013

1969 - Som Três

Oi pessoal! Neste sábado, posto aqui no Blog mais um disco de um trio que marcou a música brasileira dos anos 1960. Composto por três músicos de altíssimo nível (César Camargo Mariano ao piano, Sabá no contrabaixo e Toninho Pinheiro na bateria), o grupo se formou em 1966, e logo no início da formação do trio, se apresentaram com sucesso pela primeira vez no programa "Spotlight", de Abelardo Figueiredo, na Tv Tupi. Ainda em 1966, foram convidados pela gravadora Som Maior a gravar o primeiro LP do conjunto, intitulado "Som/3". O Som 3 se consolidou na música instrumental e, durante quase toda a carreira do grupo, que soma pouco menos de 6 anos de duração, acompanhou com sucesso o cantor Wilson Simonal,  participando dos seus shows, discos, músicas e turnês internacionais. O segundo disco do grupo só veio a ser lançado em 1968, desta vez pela gravadora Odeon (mesma gravadora que Simonal era contratado), com o nome de "Show", contendo pela primeira vez músicas internacionais e sucessos de Simonal, como "Sá Marina", de Antonio Adolfo e Tibério Gaspar, "Balanço Zona Sul", de Tito Madi, e "Falsa Baiana", de Geraldo Pereira. Nesta época, o grupo foi convidado a participar dos antológicos festivais de MPB realizados na Tv Record, acompanhando as apresentações de "Roda Viva", de Chico Buarque, com o autor e o grupo MPB-4, e "Maria, Carnaval e Cinzas", de Luiz Carlos Paraná, com Roberto Carlos, ambas as músicas do III Festival, de 1967, além de "Andança", de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, defendida por Beth Carvalho e os Golden Boys, no V Festival, de 1969. Neste mesmo ano de 1969, o Som Três foi convidado a gravar mais um disco pela Odeon, o qual é o tema da postagem de hoje, e que nos traz em seu repertório como destaque as músicas brasileiras "Moça", também gravada por Simonal em seu disco "Alegria, Alegria - Vol. 3" (1967), "Se Você Pensa", um dos maiores sucessos da dupla Roberto & Erasmo Carlos, lançado no LP "Inimitável" (1968) do Rei Roberto, "Que Pena", de Jorge Ben, gravada no disco do compositor "Jorge Ben" (1969), e "Caruaru", de Belmiro Barrela. Entre as internacionais, destacam-se "For Once In My Life" e "There’s Gonna Be A Showdown". No ano seguinte, o grupo gravou o seu último disco da "Um É Pouco, Dois É Bom, Este Som 3 É Demais", além de viajar com Simonal ao México para a turnê do cantor durante a Copa do Mundo. Na volta ao Brasil, César Camargo Mariano foi convidado a participar da temporada de shows de Elis Regina pelo Rio de Janeiro e, como Sabá e Toninho Pinheiro não quiseram deixar São Paulo, o grupo se desfez. Portanto, apesar da curta carreira do grupo, o Som 3 representa até hoje um conjunto marcante para a música instrumental brasileira que, na época, contava com diversos outros grupos e músicos que também se dedicavam a esse gênero musical. Embora hoje a música instrumental (não confundir com música eletrônica!) não seja tão apreciada como na época em que o Som 3 estava na ativa, é importante resgatar a todos a importância deste gênero musical para a nossa música brasileira, em termos dos músicos, das canções e/ou dos discos gravados, mostrando a todos a beleza e a riqueza da diversidade musical que só a nossa música brasileira contém.

1 – For Once In My Life (R. Miller / Murden)
2 – Moça (Antônio Adolfo / Tibério Gaspar)
3 – Se Você Pensa (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)
4 – Blood-Mary (César Camargo Mariano)
5 – California Soul (N. Ashford / V. Simpson)
6 – Homenagem a Mongo (César Camargo Mariano)
7 – Que Pena (Jorge Ben)
8 – Tijuana (Laércio de Freitas)
9 – There’s Gonna Be A Showdown (Gamble / Huff)
10 – Caruaru (Belmiro Barrela)

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

1966 - Passaporte - Os Cariocas

Oi pessoal! Um Feliz Ano Novo a todos vocês, que de alguma forma fazem parte desta história, seja sendo assíduos leitores, com comentários e sugestões que fazem com que o Blog da Música Brasileira cresça sempre mais, buscando resgatar e relembrar o que a nossa música brasileira tem de melhor a nos oferecer. Bom, nesta primeira postagem de 2013, trago aqui o nosso "passaporte" para o novo ano, ao som d'Os Cariocas. Grupo formado inicialmente na década de 1940 por Ismael Netto, no Rio de Janeiro, ele caracterizou-se por seus arranjos vocais a quatro (ou cinco) vozes, diferentemente dos grupos formados na época, como Quatro Azes e um Curinga, Bando da Lua e Anjos do Inferno. Inciando sua carreira tocando em festas da vizinhança e participando de programas de Rádio, como "Papel Carbono", de Renato Murce, o grupo conseguiu, em 1946, seu primeiro contrato com a Rádio Nacional, participando do programa "Um Milhão de Melodias". Durante os anos que se seguiram, participaram de diversos programas musicais de Rádio, além de gravarem seu primeiro disco em 1948 pela Continental, com as músicas "Nova Ilusão", de José Menezes e Luis Bittencourt, e "Adeus América", de Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques. Continuaram a gravar diversas músicas, destacando-se neste período um disco lançado ainda pela Continental com a cantora Marlene, em 1949, trazendo os sucessos de "Qui Nem Jiló" e "Macapá", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. No início da década de 1950, gravaram uma série de discos pela Sinter, destacando-se neste selo as músicas "Marca Na Parede", de Mario Faccini e Ismael Neto, "Tim-Tim Por Tim-Tim", de Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques, e as músicas de Festa Junina, "Pula Fogueira", de Haroldo Lobo e Milton Oliveira, e "Baile Na Roça", de Sebastião Gomes, Ismael Neto e Ayrton Amorim. Em 1952, foram contratados pela RCA Victor, gravando também outras músicas de sucesso, que dentre as quais merecem destaque "Podem Falar", de Ismael Neto e Antonio Maria, "Lá Vem a Rita", de Haroldo Lobo e Milton Oliveira, e "O Último Beijo", de Ismael Neto e Nestor Holanda, sendo utilizada por Flávio Cavalcanti como tema do prefixo do seu programa "Discos Impossíveis". Em 1956, com o desaparecimento de Ismael Neto, a irmã Hortênsia assumiu seu lugar (até 1959) e, com essa formação, gravaram em 1957 pela Columbia o primeiro LP do grupo, "Os Cariocas A Ismael Neto", com os principais sucessos do grupo. Na Columbia, o grupo foi dirigido por Renato Corte Real que queria impor ao grupo um estilo que não coincidia com o que apresentavam até aqui, mas que gerou a gravação antológica de "Chega de Saudade", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes no lado B de um destes discos, uma das primeiras gravações desta música, ainda em 1957. Neste mesmo ano, Os Cariocas voltaram à gravadora Continental, gravando um disco de re-estréia memorável, com "Criticando", de Carlos Lyra (sendo a primeira gravação de uma música do compositor), e "Foi Ela", de Ary Barroso. Em 1962, a um convite de Aloysio de Oliveira, o grupo participou de um show na boate "Au Bon Gourmet", juntamente com Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto, ficando em cartaz por 45 dias e que apresentou ao público as novidades que a Bossa Nova trazia, como "Samba do Avião", "Samba de Uma Nota Só", "Só Danço Samba", "Corcovado" e "Garota de Ipanema", embora este show não tenha sido gravado na época. Neste mesmo ano, o grupo mudou para a gravadora "Philips", gravando o LP "A Bossa dos Cariocas", consagrando Os Cariocas como um dos principais nomes da Bossa Nova da época, abrindo as portas para o sucesso e o reconhecimento do grupo, tanto nacional quanto internacionalmente. Durante o período em que estiveram na Philips, Os Cariocas gravaram seis LP's, todos dedicados de alguma forma à Bossa Nova ou à nova MPB. E, destes seis discos, o último deles, "Passaporte", lançado pelo selo Polydor, em 1966, é o tema da postagem de hoje, sendo que as músicas que merecem destaque são: "Amor Até O Fim", "A Banda", "Amanhã Ninguém Sabe", "Lunik 9", "Tão Doce Que É Sal", "Fim de Festa", "Vem Cá Menina" e "O Amor É Chama". Um disco que, apesar de ser o último antes dos 21 anos em que o grupo se manteve afastado da música, nos mostra o amadurecimento deste conjunto tão importante para a história de nossa música, seja em termos das músicas lançadas e gravadas, seja no estilo que influenciou outros tantos grupos (como MPB-4, Tamba Trio, etc.) com suas interpretações a mais de uma voz, com composições próprias e regravações de grandes sucessos. Um disco sensacional, deste incrível grupo, que se consagrou como Os Cariocas que, como um grupo unido, trouxe à musica sua genialidade, sua personalidade, seu conjunto, sua união.

1 - O Amor É Chama (Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle)
2 - A Banda (Chico Buarque)
3 - Razão de Voltar (Pedro Camargo / José Ari)
4 - Fim de Festa (Luiz Roberto / Marcos Vasconcellos)
5 - Mais Vale Uma Canção (Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle)
6 - Quem Me Dera Um Canto Feliz (Severino Filho / Marcos Vasconcellos)
7 - Lunik 9 (Gilberto Gil)
8 - Tão Doce Que É Sal (Marcos Vasconcellos / Pingarrilho)
9 - Vem Cá Menina (Fred Falcão)
10 - Amanhã Ninguém Sabe (Chico Buarque)
11 - Marcha de Todo Mundo (Walter Santos / Tereza Souza)
12 - Amor Até O Fim (Gilberto Gil)