domingo, 27 de outubro de 2013

1969 - Vinicius em Portugal

Oi pessoal! Neste último domingo de outubro, presto uma homenagem a um dos maiores nomes da música e da poesia brasileira. Afinal, se estivesse vivo, nosso querido "poetinha" teria completado no último dia 19 deste mês, 100 anos de vida, boemia e muitas histórias. Nascido no Rio de Janeiro do início do século XX, Vinicius ainda na escola começou a se interessar pela poesia, compondo seus primeiros versos. Aos 14 anos, junto com os amigos Tapajós (os irmãos Paulo, Haroldo e Oswaldo), Vinicius compõe suas primeiras canções, se apresentando com mais alguns amigos da escola em festinhas. Dois anos mais tarde, torna-se bacharel em Letras, entrando para a faculdade de Direito no ano seguinte. Em 1932, Vinicius publica seu primeiro poema, "A Transfiguração da Montanha", na revista "A Ordem", além de ter suas primeiras canções gravadas em disco ("Loura ou Morena" e "Canção da Noite") pelos Irmãos Tapajós, pela gravadora Columbia. No ano seguinte, por incentivo do amigo Otávio de Faria, lança pela editora Schimidt seu primeiro livro de poemas, "O Caminho para a Distância". Em 1933, lança o livro "Forma e Exegese", pela editora Irmãos Pongetti, o qual é elogiado pela crítica, além de receber o prêmio Filipe d'Oliveira e receber comentários positivos do já consagrado poeta Manuel Bandeira. Cinco anos mais tarde, lança seu quarto livro, "Novos Poemas", desta vez pela editora José Olympio, sendo novamente elogiado pela crítica e consolidado como um dos poetas da chamada "Geração de 30". Em 1939, com o início da II Guerra Mundial, Vinicius volta ao Brasil e, esperando o navio no porto de Estoril, escreve um dos poemas mais conhecidos de sua autoria, "Soneto de Fidelidade". Em 1941, inicia os estudos para ingressar na carreira diplomática, também escrevendo para o jornal "A Manhã" como crítico cinematográfico. Dois anos mais tarde, publica pela Irmãos Pongetti seu quinto livro, "Cinco Elegias", que conta com a colaboração de Manuel Bandeira, Aníbal Machado e Otávio de Faria. Em 1946, Vinicius enfim conquista o posto de vice-cônsul em Los Angeles, transferindo-se com a família para os Estados Unidos. No início da década de 1950, retorna ao Brasil, trabalhando no jornal "A Última Hora" como cronista e crítico de cinema. Em 1954, sua peça "Orfeu da Conceição" é premiada no concurso de teatro do IV Centenário da Cidade de São Paulo, além de lançar no Brasil sua "Antologia Poética", pela editora "A Noite". Dois anos mais tarde, inicia no Brasil as encenações de sua peça "Orfeu da Conceição" e, em 1957, é transferido para a embaixada brasileira de Montevidéu, lançando neste período no Brasil seu "Livro de Sonetos". Nos anos seguintes, sua parceria com Tom Jobim é levada aos quatro cantos do mundo após a explosão da Bossa Nova, movimento este que teria como pilar central a música de Tom e Vinicius. No início da década de 1960, Vinicius se lança na música brasileira, com novos parceiros musicais como Carlos Lyra, Edu Lobo, Baden Powell, Francis Hime, entre outros, lançando seu primeiro disco solo "Vinicius", pela gravadora Elenco. Em 1965, do I Festival Nacional de Música Popular Brasileira, promovido pela Tv Excelsior, Vinicius recebe o primeiro lugar com "Arrastão", composta com Edu Lobo, após a interpretação bombástica de Elis Regina, e o segundo lugar com "Valsa do Amor Que Não Vem", composta com Baden Powell, na interpretação emocionada de Elizeth Cardoso. No ano seguinte, Vinicius lança pelo selo Forma o antológico disco "Os Afro-sambas", com o amigo Baden Powell, misturando a música do poeta, o violão do parceiro e a influência dos ritmos do candomblé. Em 1968, Vinicius perde sua mãe, dona Lydia de Moraes e, após a instauração do AI*5 pelo então presidente Costa e Silva, perde também seu cargo no Itamaraty. No ano seguinte, dedica-se a shows que levaram o poeta a Salvador, Montevidéu e Lisboa. E em Lisboa, em plena livraria Quadrante, Vinicius realiza um recital de poesia, o qual é gravado e lançado no Brasil no final de 1969, pelo selo Festa, disco este que é tema da postagem de hoje. Deste disco recheado de poemas, destaco "A Uma Mulher", "Soneto a Katherine Mansfield", o qual inspirou o poeta Manuel Bandeira a compor uma série de sonetos que há muito não o fazia, "O Desespero da Piedade", "Soneto de Intimidade", "Quarto Soneto de Meditação" e "Ternura". Um recital interessante, que nos traz um pouco do poeta Vinicius em suas várias fases, desde seu primeiro livro, "O Caminho para a Distância", em que o próprio poeta o define como "imaturo, mas bem saudado pela crítica, onde o poeta se encontra nos seus mais verdes anos", até seus últimos trabalhos poéticos. Este recital consiste numa antologia, realizada pelo próprio poeta, e que traz aos que não conheceram a boêmia de Vinicius, o próprio autor declamando suas obras, com sua voz, seu sentimento. Um documento único, que leva à posteridade a preciosidade da obra, selecionada pelo próprio Vinicius, do poeta, diplomata, cineasta e compositor brasileiro, que se estivesse vivo, completaria neste mês um século de alegria, boemia e, é claro, muita poesia.

1 - A Uma Mulher
2 - A Volta da Mulher Morena
3 - Soneto de Intimidade
4 - Soneto a Katherine Mansfield
5 - Ternura
6 - O Falso Mendigo
7 - O Desespero da Piedade
8 - Quarto Soneto de Meditação
9 - Cântico
10 - Sob o Trópico de Câncer

2 comentários:

  1. Que surpresa este blogue, e com este grande Senhor da música e grande poeta. Eu diria mais um Génio não morre, renasce sempre que ouvimos. Muito obrigado pela qualidade logo na descoberta e que promete novos conhecimentos sobre a MPB e outros. Parabéns

    Funchal, Madeira / Portugal

    JMAbreu

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